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Intimidade pode custar caro na hora de emprestar nome
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Intimidade pode custar caro na hora de emprestar nome

Publicado em 11/04/2017

16019223.jpg Em vez de emprestar nome, vale ajudar com outras despesas, dizem especialistas

Ajudar amigos ou parentes a pagar um dívida pode custar caro. Nos últimos 12 meses até março, 17% dos consumidores que ficaram com nome sujo entraram na lista de inadimplentes ao pegar empréstimo para conhecidos, segundo levantamento do birô de crédito SPC Brasil obtido com exclusividade pela Folha.

A boa vontade pode custar caro: só em 3,4% dos casos a dívida foi totalmente paga. Por outro lado, 41,2% dos que emprestaram o nome ficaram a ver navios e tiveram que arcar com o prejuízo –em média, de R$ 1.215,24.

Foi o caso da funcionária pública S.G.C., 41, de Cuiabá (MT), que pediu anonimato. Ela emprestou dinheiro para um amigo comprar um carro. A aquisição ocorreu, mas o amigo não fez seguro para o veículo, que foi roubado.

O amigo, então, parou de pagar as prestações do veículo, e a funcionária pública foi incluída no cadastro de inadimplentes. Para limpar o nome, ela negociou um empréstimo em 36 vezes com a mesma financeira. "Para mim, não faz mais diferença, é uma pessoa que não pode mais contar comigo. Não vou mais emprestar o nome", diz.



Amigos são justamente os primeiros a contar com a solidariedade alheia, de acordo com o levantamento: 30,9% dos que emprestaram o nome tiveram problemas com esses colegas mais próximos.

Mas a família também aparece "bem posicionada" no ranking: 21,8% dos "negativados" contraíram dívida para irmãos e irmãs, e 17,9%, para outros parentes. Pais e mães representam 11,7%.

"A gente vê que sempre tem uma ligação emocional envolvida nesses empréstimos", diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.


"Quem empresta acaba não pensando direito e muitas vezes não sabe qual o valor gasto. Intimidade nessa hora pode fazer mal, tanto para quem pega emprestado quanto para quem empresta."

O QUE FAZER

Antes de emprestar o nome, é preciso considerar alguns pontos, alertam especialistas. O primeiro deles é que a dívida é de quem toma o crédito, afirma Gustavo Gonçalves Gomes, sócio do escritório Siqueira Castro.

"Não dá para transferir a dívida. Para o banco, o responsável pelo pagamento das parcelas é quem contratou o empréstimo", afirma. Isso significa que o inadimplente pode ser acionado judicialmente para pagar a dívida.

Uma forma de minimizar o dano é firmar um contrato com a pessoa para quem o consumidor vai repassar o dinheiro ou pegar alguma garantia, como veículo.
Manter um distanciamento também ajuda. "Quem pediu o nome emprestado provavelmente está com o nome sujo na praça. Não adianta confiar em alguém que tem um histórico de que não consegue lidar com o próprio dinheiro", diz Kawauti (SPC).

Para não deixar o outro desassistido, há alternativas, sugere. O consumidor pode, por exemplo, ir ao supermercado e fazer compras para quem pede dinheiro ou tentar arrumar um emprego para essa pessoa. "Dar um cheque em branco não ajuda e ainda pode fazer você perder o amigo."

Na pesquisa, 69% dizem que o relacionamento ficou abalado após o problema que levou ao nome sujo.

Fonte: Folha Online - 10/04/2017

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