Reajuste médio de salários perde para a inflação em 2016, diz Dieese
Publicado em 31/03/2017
Em média, variação real foi de -0,52%. Cerca de 44% das categorias tiveram correção igual à variação da inflação, 37% ficaram abaixo do índice de preços e 19% acima.
O reajuste médio dos salários perdeu para a inflação em 2016, após 12 anos de ganhos reais para o trabalhador, aponta pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre resultados das negociações salariais. Em média, os reajustes perderam para a inflação em 0,52% em 2016.
A última vez em que o trabalhador teve perda real (ou seja, correção salarial abaixo da inflação) foi em 2003, quando os trabalhadores tiveram perdas de 2,08%. Quando o reajuste fica abaixo da inflação, na prática, o trabalhador perde poder aquisitivo.
"Os resultados dos reajustes salariais de 2016 são o reflexo do desempenho da economia nos últimos dois anos. A grave crise econômica pela qual passa o país é uma das principais razões para o desempenho negativo das negociações salariais de 2016", disse o Dieese, em relatorio.
A pesquisa do Dieese analisou reajustes de 714 unidades de negociação da indústria, do comércio e dos serviços do setor privado e de empresas estatais em quase todo o território nacional.
Em 2016, a maioria dos acordos de correção salarial (44%) tiveram valor igual à variação do índice de inflação. Outros 19% conseguiram valores maiores que a inflação e 37% tiveram reajuste abaixo do índice.
Para correções de salários, o índice de inflação usado é o INPC, medido pelo IBGE. Em 2016, a variação do índice foi de 6,58%.
Menos força
Em 2015, o percentual de negociações com reajuste acima da inflação foi de 51%, o que já revelava queda significativa em relação aos resultados apurados nos anos anteriores. Entre 2005 e 2014, o percentual de negociações com aumento real nunca foi inferior a 70%; e, se excetuados os anos de 2005, 2008 e 2009, nunca inferior a 86%, segundo a entidade.
A proporção de reajustes acima da variação do INPC de 2016 é somente comparável à observada em 2003: ambas próximas a 19%. A pesquisa traz o acompanhamento das negociações desde 1996.
No que se refere aos reajustes abaixo da inflação pelo INPC, a proporção praticamente dobrou em relação ao ano anterior: representava 19% das negociações em 2015 e passou, em 2016, a quase 37%.
Já os reajustes em valor igual à taxa de inflação cresceram em 2016 e atingiram a maior marca desde 1996, presentes em 44% das negociações analisadas.
Por setores
O setor de serviços foi o que registrou a maior proporção de reajustes salariais abaixo da inflação em 2016 - 49% não repuseram as perdas salariais acumuladas desde a última data-base. Já cerca de 21% das negociações do setor conseguiram aumento real. Os demais 30% tiveram reajustes iguais à inflação. O setor também foi o que teve a maior perda real média: 0,64% abaixo da inflação.
A indústria e o comércio tiveram resultados semelhantes com reajuste igual a inflação (53% e 50%, respectivamente) e abaixo (31% e 29%, respectivamente). Em todos os setores, reajustes acima da inflação foram os menos frequentes.
No caso da indústria, os reajustes acima da inflação registraram forte queda em relação a 2015. De 2014 a 2016, a proporção de reajustes com ganho real caiu aproximadamente 72 pontos percentuais, de acordo com o Dieese. A variação real média dos reajustes no setor foi de -0,52%.
No comércio, a proporção de reajustes salariais acima da inflação foi de 98% em 2014, que caiu para 52% em 2015 e, em 2016, chegaram a 21%. Os reajustes iguais à inflação foram negociados por praticamente metade das negociações e cerca de 29% obtiveram reajustes que não repuseram as perdas inflacionárias. A perda salarial média foi a menor comparada aos outros setores: 0,24% abaixo da inflação.
Reajustes parcelados
Em 2016, houve intensificação no aumento dos reajustes salariais parcelados, o que já havia ocorrido em 2015. Entre 2008 e 2013, os reajustes salariais aplicados em mais de uma parcela oscilavam em uma proporção que variava entre cerca de 4% e 5%. Após leve crescimento em 2014 (6,5%), a proporção de reajustes parcelados dobrou em 2015 (13,7%). Em 2016, a modalidade dobrou novamente e esteve presente em 29,6% dos reajustes salariais. Os reajustes parcelados foram mais frequentes nas negociações de novembro (48% do total das negociações com data-base no mês), outubro (42%) e junho (38%).
A proporção de negociações que registraram pagamento de abono salarial em 2016 teve leve aumento em relação ao ano anterior (de 7,2% para 7,6%), embora tenha se mantido em patamar próximo ao dos anos anteriores, segundo o Dieese.
Já o percentual de reajustes escalonados cresceu de forma mais acentuada em 2016. Nos últimos anos, o crescimento desse tipo de reajuste foi lento e gradual, aumentando aproximadamente 9 pontos percentuais entre 2008 (15,2%) e 2015 (24,3%). Contudo, de 2015 para 2016, o crescimento foi de 8 pontos percentuais, para 32,4%.
Por tipo de negociação
A análise dos reajustes segundo o tipo de instrumento coletivo mostra que as convenções coletivas (documentos resultantes da negociação por categoria) apresentaram resultados mais favoráveis para os trabalhadores do que os acordos coletivos (documentos resultantes da negociação por empresas).
Cerca de 52% das negociações de acordos coletivos resultaram em reajustes abaixo da inflação. Entre as negociações de convenções coletivas, essa proporção foi menor, com 34%. Reajustes iguais à inflação foram mais frequentes entre as convenções (45%, diante de 40% dos casos nos acordos), assim como os reajustes acima da inflação (21%, diante de 9% dos acordos).
Fonte: G1 - 30/03/2017
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