Taxa de juros para consumidores sobe para 73,2% ao ano
Publicado em 30/03/2017 , por MAELI PRADO
Eduardo KnappA taxa de juros cobrada de consumidores com recursos livres, que não incluem crédito rural, financiamentos imobiliários e empréstimos do BNDES, subiu de 72,7% ao ano para 73,2% ao ano, informou nesta quarta-feira (29) o Banco Central.
No caso das empresas, os juros médios nos empréstimos com recursos livres ficaram quase estáveis, recuando de 28,8% ao ano para 28,7%.
As novas concessões de crédito com recursos livres caíram entre os dois meses —a redução foi de 11,4% entre janeiro e fevereiro para consumidores e empresas.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, a razão da queda das concessões e da elevação dos juros é o fato de fevereiro, além de ser mais curto, ter sido ainda menos dias úteis por causa do Carnaval.
De acordo com ele, como o período de pagamento do cartão de crédito à vista foi encurtado, e essa é uma modalidade de crédito que não tem juros, outras categorias de crédito com taxas elevadas, como o rotativo, ganharam peso nos juros médios.
Esse "efeito composição", de modalidades muito mais caras ganharem espaço no total, puxou os juros para cima, afirmou Maciel. "É uma questão estatística. Temos um mercado de crédito ainda fragilizado, mas com alguns sinais de melhora na margem."
O atual ciclo de redução na taxa básica de juros, a Selic, começou no fim do ano passado, com duas reduções iniciais de 0,25 ponto percentual. De janeiro deste ano para cá, houve dois cortes mais fortes, de 0,75 ponto percentual, trazendo a taxa a 12,25% ao ano.
Quando se leva em conta os dados com recursos livres somado aos direcionados (crédito rural, financiamentos imobiliários e empréstimos do BNDES), a taxa de juros a consumidores caiu de 41,9% para 41,4% —para empresas, o recuo foi de 21,1% para 20,3%.
A redução na taxa que leva em conta tanto recursos livres quanto direcionados foi determinada pela queda dos juros dos financiamentos imobiliários, que caíram de 10,9% para 9,1% ao ano.
Essa queda aconteceu por causa da elevação do limite de imóveis novos que podem ser financiados com FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) —em fevereiro, esse valor foi aumentado para R$ 1,5 milhão.
As novas concessões com recursos livres e direcionados também se reduziram entre um mês e outro, registrando queda de 10,4%.
SPREAD EM ALTA
O spread (diferença entre o que as instituições financeiras pagam para captar recursos e o que cobram de consumidores e empresas) dessas operações com recursos livres subiu de 41,8 pontos percentuais, em janeiro, para 42,5 pontos percentuais no mês passado.
No caso de consumidores, essa diferença cresceu de 61,2 pontos para 62,3 pontos percentuais; para empresas, de 18,2 pontos percentuais para 18,3 pontos.
"O aumento do spread também reflete o efeito estatístico de menos dias úteis em fevereiro", disse Maciel.
A inadimplência, um dos fatores que compõe o spread, permaneceu quase estável, passando de 5,7% em janeiro para 5,6% no mês passado.
"A inadimplência continua estável, está bem comportada, se olharmos a evolução do mercado de trabalho e da taxa de desemprego. Isso se deve ao próprio critério de concessão de crédito a bancos e um processo de educação financeira que já vem há muito tempo".
PARCELADO RECORDE
Os juros do cartão de crédito parcelado subiram de 161,9% ao ano em janeiro para 163,5% ao ano, o maior patamar da história e um aumento de 1,6 ponto percentual.
"São flutuações na taxa. No ano passado, essa modalidade também apresentou alta em janeiro e fevereiro. É um movimento normal", disse Maciel.
Já a taxa média do cartão de crédito rotativo caiu 5,2 pontos percentuais entre janeiro e fevereiro, se reduzindo de 486,7% ao ano para 481,5% ao ano.
No fim de janeiro, o CMN (Conselho Monetário Nacional) anunciou regras que valem a partir de abril e que impedem bancos de deixar o cliente no rotativo por mais de um mês, com o objetivo de impedir que as dívidas virem uma bola de neve.
Na avaliação de empresas de cartão, a medida só será sentida pelos consumidores a partir de maio.
Maciel destacou que taxas de juros cobradas de empresas em modalidades associadas à atividade econômica, como capital de giro e conta garantida, tiveram um comportamento favorável no mês passado, com queda de juros.
O Banco Central manteve a previsão de um crescimento no estoque de crédito de 2% para este ano.
DEMANDA
Nesta quarta, o BC também divulgou a pesquisa trimestral de condições de crédito, que questiona as instituições de crédito sobre a demanda de empréstimos por empresas e consumidores em uma escala de -2 a 2.
A demanda por crédito dos consumidores, que estava em -0,24 nos último período, segundo esse índice criado pelo Banco Central, subirá para 0,14 nos próximos três meses. Para crédito imobiliário, especificamente, essa demanda passará de -0,25 para 0,63, na mesma comparação.
"O segmento de crédito habitacional apresentou a melhora mais visível", disse Maciel, salientando que essa melhoria é consequência do aumento do limite para compra de imóveis com FGTS.
No caso de grandes empresas, o índice aumentou de -0,22 para 0,22; para as micro, pequenas e médias, a alta foi de -0,41 para 0,09, na mesma comparação.
Fonte: Folha Online - 29/03/2017
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