Promessa de Eike de se tornar o mais rico do mundo hoje parece desatino
Publicado em 06/02/2017 , por RENATA AGOSTINI
"Tenho que competir com Slim. Não sei se vou ultrapassá-lo pela esquerda ou pela direita, mas vou", disse Eike Batista em 2011, provocando o mexicano Carlos Slim, então homem mais rico do mundo. No evento nos EUA, o empresário falou números fantásticos que o ajudariam a chegar lá: US$ 2,3 trilhões em "riqueza" para tirar do solo em petróleo, minério, ouro.
Boa parte viria da OGX, petroleira cujas promessas levaram investidores a comprar R$ 6,7 bilhões em sua abertura de capital, em 2008. Mas não só dela: Eike tinha para oferecer ainda mineradora, estaleiro, térmicas, portos.
O ocaso da OGX condenou por tabela o estaleiro OSX, erguido para construir plataformas para a petroleira. No litoral fluminense, hoje o estaleiro está parado. A solução encontrada para que não quebrasse foi colocar sua área de 3,2 milhões de metros quadrados para alugar.
A responsável pela busca dos inquilinos é a Prumo, nome dado à LLX pelos novos donos na esperança de que o público esqueça alguma hora que ela já pertenceu a Eike.
Entre a miríade de projetos do "grupo X", a empresa de logística foi a que se saiu melhor. Seu controle foi arrematado pelos americanos do EIG em 2013, que colocaram dinheiro para finalizar as obras do porto do Açu. Não pediu recuperação judicial, há embarques no porto e empresas instaladas na área. Eike está fora do negócio.
Ao lado dela, a Eneva é outra companhia rebatizada. A antiga MPX até entrou em recuperação judicial, mas já saiu. Hoje é comandada por um grupo de investidores, como a alemã E.ON e o BTG, e tem térmicas em operação. Eike está praticamente fora.
Com o empresário, restou um rebotalho da mineradora MMX. Porto, minas e terrenos foram passados à frente. Está em recuperação judicial.
A CCX, outro braço do grupo que ficou com Eike, vendeu quase tudo o que tinha e, na prática, acabou.
Seis anos após o desafio ao mexicano Slim, Eike Batista está preso. Seus planos ressoam apenas como desatino.
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IMPÉRIO EM FRANGALHOS
MPX - Usinas térmicas
Criação 2001
Abertura de capital Dezembro de 2007, levantando R$ 2 bilhões
O que aconteceu Sem dinheiro para tocar o plano de negócios da companhia, Eike vendeu em 2013 metade de suas ações na MPX para os alemães da E.ON, que se tornam acionistas majoritários. Mesmo assim, em dezembro de 2014, a empresa teve de pedir recuperação judicial para reestruturar dívidas de R$ 2,4 bilhões
A empresa ainda funciona? Sim. Foi rebatizada para Eneva e tem térmicas em produção. Em junho de 2016, anunciou o fim de sua recuperação judicial. Até setembro, contudo, ainda dava prejuízo
Eike ainda é dono? Não. Mantém menos de 1% da empresa
MMX - Mineradora
Criação 2005
Abertura de capital Julho de 2006, levantando R$ 1,1 bilhão
O que aconteceu O projeto desandou com estouro de custos e atrasos na produção. Em 2014, a subsidiária MMX Sudeste, principal braço da mineradora, tinha R$ 700 milhões em dívidas e pediu recuperação judicial. Em 2016, foi a vez de a holding MMX entrar na Justiça com seu pedido de proteção contra dívidas de R$ 500 milhões
A empresa ainda funciona? Sim, mas de forma precária. Para pagar credores, arrendou uma planta de beneficiamento e vendeu terrenos e minas. O porto Sudeste, feito para escoar a produção, foi quase todo vendido. Em 2016, nada produziu
Eike ainda é dono? Sim, com 57,4% das ações
LLX - Logística
Criação Em 2007 (como subsidiária da MMX)
Abertura de capital Julho de 2008, com valor de mercado de R$ 1,8 bilhão (ações começam a ser negociadas separadamente a partir de uma cisão da MMX)
O que aconteceu Sem dinheiro para tocar as obras e devendo a bancos, Eike passou o controle da LLX para o grupo americano EIG em 2013. A empresa entrou no negócio com o compromisso de injetar R$ 1,3 bilhão na companhia para terminar as obras do porto do Açu, no litoral fluminense
A empresa ainda funciona? Sim, como Prumo Logística. Onze empresas usam hoje o porto do Açu, no litoral fluminense, como base industrial ou para escoamento de minério
Eike ainda é dono? Não. Após a operação com o EIG, passou o que restava ao fundo Mubadala e ao Itaú
OGX - Petroleira
Criação 2007
Abertura de capital Junho de 2008, levantando R$ 6,7 bilhões
O que aconteceu As ações começaram a cair com a divulgação de testes de produção abaixo do esperado em 2012. Derreteram de vez em 2013 com o anúncio de que a OGX não conseguiria tirar petróleo de algumas áreas. Com R$ 11,2 bilhões em dívidas, em outubro daquele ano, pediu proteção da Justiça para evitar a falência
A empresa ainda funciona? Sim, mas com uma pequena operação. Teve de vender blocos para terceiros e devolver áreas para o governo. A empresa, que chegou a competir em leilões com a Petrobras, hoje tem um campo em produção
Eike ainda é dono? Não. Eike tem cerca de 13% das ações, mas após acordo com credores terá 0,65%
OSX - Estaleiro
Criação 2009
Abertura de capital 2010, levantando R$ 2,5 bilhões
O que aconteceu Criada para construir as plataformas de exploração de petróleo da OGX, a empresa ficou sem encomendas com a derrocada da petroleira e não conseguiu encontrar novos pedidos no mercado. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial logo após a OGX, em 2013
A empresa ainda funciona? Sim, mas não como estaleiro. A empresa tenta faturar com o aluguel da área ocupada no porto do Açú, da Prumo. E tem dívidas com credores por mais duas décadas
Eike ainda é dono? Sim. Possui 66,3% das ações
CCX - Carvão
Criação 2012
Abertura de capital Maio de 2012, com valor de R$ 740 milhões (criada a partir de cisão da MPX)
O que aconteceu Com a quebra de Eike, os investimentos secaram, inviabilizando a empresa, que fora criada para erguer na Colômbia uma mina de carvão, uma ferrovia e um porto. Em agosto de 2016, fechou acordo para a transferência dos principais ativos da companhia
A empresa ainda funciona? Sim, mas com a venda de quase tudo o que tinha, perdeu seu propósito
Eike ainda é dono? Sim, Possui 56,2% das ações
Fonte: Folha Online - 05/02/2017
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