Gigante mundial dos alimentos acelera aposta em comida saudável
Publicado em 06/02/2017 , por RENATA AGOSTINI
A pressão dos consumidores pela oferta de alimentos mais saudáveis fará com que a Unilever, gigante mundial dona de marcas como Hellmann's, Knorr e Kibon, modifique boa parte de seus produtos nos próximos três anos.
Para não perder mercado, a companhia traçou como meta que, em 2020, 6 em cada 10 de suas mercadorias tenham os "mais elevados padrões de nutrição".
Tal compromisso, que inclui redução de sal, caloria, gordura e açúcar nos alimentos, exigirá uma transformação no portfólio da empresa no Brasil. Hoje, apenas 15% dos produtos vendidos pela Unilever no país estão dentro do patamar de exigência imposto pela multinacional, afirmou a britânica Amanda Sourry, presidente mundial da Unilever Foods, em entrevista à Folha.
"O consumidor está mudando [sua concepção] em relação aos alimentos e temos de fazer o mesmo", disse.
O movimento é uma resposta à demanda crescente dos consumidores por produtos que contenham menos ingredientes nocivos à saúde.
Para Sourry, a percepção de que o sistema de alimentação ao redor do mundo está "quebrado" tem feito com que muitas pessoas desconfiem de grandes empresas –como a própria Unilever.
Os novos compromissos assumidos pela companhia são vistos como fundamentais para o sucesso da empresa no futuro próximo."É uma questão de garantir que o consumidor continue a confiar em nós", afirma Sourry.
Ao mesmo tempo que precisa promover mudanças, a Unilever tem de garantir que o processo não irá comprometer a força de suas marcas. No Brasil, ela é dona ainda de Maizena, Becel e Arisco.
"É uma combinação. Trazemos coisas novas, mas reconhecemos que temos marcas muito amadas. Queremos ter certeza de que evoluiremos esses produtos para serem mais saudáveis e sustentáveis", diz a executiva.
produtos verdes
A bandeira da produção sustentável também é parte central da estratégia, especialmente no Brasil.
Uma pesquisa encomendada pela multinacional com 20 mil pessoas em cinco países indicou que o mote da sustentabilidade tem apelo maior em mercados emergentes do que nos desenvolvidos.
No Reino Unido, 53% dos entrevistados disseram se sentir melhor ao comprarem produtos feitos de forma sustentável. Nos EUA, foram 78%. Já no Brasil, o percentual subiu para 85%.
O selo da sustentabilidade é assim uma oportunidade de ampliar negócios num dos mercados mais importantes para a Unilever, mas que vem sentindo os efeitos da crise.
As receitas da multinacional no mundo em 2016 somaram € 52,7 bilhões, queda de 1% ante o ano anterior, especialmente devido ao baixo desempenho das vendas em países como Índia e Brasil.
"Reconhecemos que é um período desafiador no país neste momento", afirma.
Segundo Sourry, a empresa está no Brasil para o longo prazo, por isso, a crise econômica e a instabilidade política fizeram a Unilever repensar "táticas", e não planos para o mercado como um todo.
Apesar da recessão, o Brasil segue sendo um dos cinco países-chave no mundo emergente para a multinacional, afirmou a executiva britânica.
Fonte: Folha Online - 04/02/2017
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