Como você mede a opinião de um especialista antes de tomar uma decisão?
Publicado em 06/02/2017 , por Samy Dana
Quando sua televisão pifa ou sua geladeira apresenta um defeito, qual decisão você considera mais sensata: tentar consertar sozinho ou chamar um técnico para resolver o problema? A segunda opção, obviamente, é muito mais razoável. No entanto, até que ponto as validações de um especialista são realmente confiáveis? Podemos ter a certeza de que o bombeiro é a pessoa certa para resolver um incêndio, mas será que deveríamos confiar na mesma medida em especialistas que lidam com um universo imprevisível e abstrato - como é o caso dos analistas de mercado ou investimentos? Este é somente um exemplo, mas existe uma série de decisões financeiras tomadas no cotidiano que refletem opiniões de especialistas que nem sempre fornecem um embasamento forte o suficiente para a tomada de decisão.
Sobre este tema, o psicólogo econômico Daniel Kahneman relata em seu livro "Rápido e devagar: duas formas de pensar'" um episódio interessante de sua vida com o colega acadêmico Gary Klein, o qual segue uma linha de estudo completamente diferente de Kahneman. Enquanto um defende o uso de algoritmos e fórmulas para substituir a subjetividade do julgamento humano, o outro considera isso incabível.
Apesar de suas divergências de pensamento, ambos conseguiram encontrar um caminho para trabalharem em conjunto e acabaram trazendo uma grande colaboração para a sociedade como um todo.
Ao questionarmos a validade do julgamento de um especialista, não estamos aqui desconsiderando o valor do conhecimento que ele tem - muito pelo contrário. A intenção é justamente mensurar as circunstâncias em que sua expertise pode ser precisa e as vezes em que a complexidade do contexto não permite que seu julgamento seja tão apurado.
Para que isso possa ser medido, é preciso considerar dois fatores: um ambiente que garanta regularidade - para que seja previsível - e a oportunidade de o especialista acumular sua experiência por meio da prática a longo prazo. Em outras palavras, como o próprio livro cita, é possível confiar nas habilidades de um mestre enxadrista com anos de prática contínua, ou no bombeiro experiente que olha para um incêndio e sabe como resolvê-lo. Ambos resgatam imediatamente em suas memórias diversas outras situações semelhantes e a resposta para o problema surge de modo praticamente automático - ou intuitivo, como costumam dizer.
Em contrapartida, não é possível dizer o mesmo para prever o comportamento futuro do mercado financeiro ou mesmo para os especialistas que procuram traçar cenários políticos. O que é colocado em questão não é a quantidade de conhecimento e experiência acumulados por especialistas dessas áreas, mas a imprevisibilidade do ambiente com o qual trabalham.
Pense bem: por mais que os primeiros sinais da crise política no Brasil tenham surgido durante as manifestações de 2013, qual especialista poderia imaginar todos os desdobramentos que vem acontecendo desde 2014? A mesma analogia pode ser feita no mercado financeiro. No ano passado, por exemplo, a Bolsa de Valores teve excelentes resultados - fato que animou muita gente - mas isso ainda é um indício muito fraco para apontar que essa tendência permaneça neste ano. Os fatores que interferem no rendimento das ações são variáveis demais para que se possa fazer uma projeção precisa de como será o resultado ao fim do ano.
Antes de tomar a opinião de um especialista como uma verdade absoluta, pondere esses fatores. Reflita a respeito do contexto em questão e avalie se o ambiente analisado permite a regularidade de contexto e a prática do especialista. Isso é válido para os nossos próprios julgamentos. Muitas vezes, temos uma crença de que sabemos mais do que aquilo que os nossos olhos podem enxergar.
Fonte: G1 - 05/02/2017
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