Se você foi lesado pelo banco, bote a boca no trombone
Publicado em 27/12/2016 , por Marcia Dessen
Vicente é correntista de um grande banco de varejo e foi convencido pelo gerente a fazer uma aplicação mensal comprando 30 títulos de capitalização de R$ 20 –sim, 30 títulos de R$ 20 cada um todos os meses! Foi induzido a crer que, além da poupança, concorreria a prêmios mensais... E assim Vicente depositava R$ 600 todos os meses no que acreditava ser um investimento com direito a prêmios.
Pois bem, não satisfeito com o péssimo aconselhamento dado ao cliente, meses depois o mesmo gerente convenceu Vicente a trocar os 30 títulos de R$ 20 por 12 títulos de R$ 50. O argumento usado foi que o valor da aplicação seriam os mesmos R$ 600 mensais, com chance de concorrer a prêmios maiores. Vicente concordou, e a mudança foi feita. O esperto e nada ético gerente deve ter festejado sua façanha de bom vendedor. Talvez tenha até recebido o prêmio de melhor batedor de metas da região...
Dias depois, a conta-corrente de Vicente recebeu um crédito no valor de 50% do que havia depositado nos 30 planos adquiridos inicialmente. Ele procurou o gerente para reclamar e dizer que esperava receber a devolução de todo o valor depositado. Veja bem, ele nem queria juros, mas apenas o valor depositado de volta.
A resposta do gerente? Os outros 50% ficaram à disposição do banco, rendendo juros ínfimos, sem concorrer a prêmio e serão devolvidos daqui a dois anos e meio. Dá para acreditar?! Essa história não é ficção. E você, assim como o Vicente, pode ser vítima de um produto ruim, de um gerente pior ainda.
Os R$ 600 aplicados na poupança por três anos teriam rendido juros de R$ 2.800. Em cinco anos, R$ 8.000. Esse é o prejuízo de Vicente, o montante de dinheiro que deixou de receber, depositando em um produto que não paga juros de mercado e, lamentavelmente, ludibriado por um gerente irresponsável.
Vou poupar a instituição financeira e o gerente deixando de divulgar seus nomes. Esse não é o meu papel. Mas é o papel da instituição financeira que patrocinou essa lambança e do órgão de fiscalização, o Banco Central, e, ainda, dos órgãos de defesa do consumidor.
Meu conselho a Vicente foi o de botar a boca no trombone e reclamar. Reclamar pública e formalmente para que seu caso sirva de exemplo e penas administrativas sejam aplicadas para punir o profissional e a instituição que paga seu salário.
São três as frentes para formalizar a reclamação e buscar ressarcimento das perdas. Primeiro, acionar diretamente a instituição financeira. O passo a passo é ligar para o SAC, Serviço de Atendimento ao Cliente, formalizar a reclamação e solicitar ressarcimento do prejuízo. Se não obtiver resposta satisfatória no tempo prometido, acionar a ouvidoria da instituição informando o protocolo de atendimento do SAC, reforçando sua expectativa de ter seu caso solucionado.
Na sequência, registrar queixa no site do Banco Central do Brasil percorrendo o seguinte caminho: Cidadão > Atendimento ao Público > Reclamações contra instituições financeiras. O BC não tem competência legal para interferir e atuar sobre o caso individual do cliente, entretanto o mero registro da reclamação provocará forte impacto na instituição financeira. O ranking das instituições com mais queixas é divulgado publicamente e os bancos fazem qualquer negócio para não aparecer mal nessa foto que tanto prejudica sua imagem e reputação.
Finalmente, acionar os órgãos de defesa do consumidor. Ah, e não se esqueça do poder das redes sociais para manifestar publicamente a sua insatisfação.
Não sabemos como a história de Vicente vai acabar. Sabemos que não ficará como está, sem responsabilizar os culpados e, com sorte, compensar o cliente prejudicado. Faça como Vicente, exerça seus direitos, reclame e exija atendimento ético e responsável.
Fonte: Folha Online - 26/12/2016
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