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Aprenda a não cair no golpe da pirâmide
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Aprenda a não cair no golpe da pirâmide

Publicado em 22/12/2016

Promessas de dinheiro fácil e rápido com pouco trabalho transforma investidores em vítimas de fraude

São Paulo - A famosa pirâmide financeira, bastante noticiada de forma camuflada como "marketing multinível" ou "marketing de rede", é uma operação não sustentável caracterizada pelo estelionato contra o cidadão e pela fraude contra o sistema financeiro em níveis setoriais, crime comum no Brasil durante os anos 1990.

Estimuladas pela difusão de informação sobre as empresas nas redes sociais e pela forte crise econômica, milhares de pessoas se envolveram no negócio, segundo a Justiça. Todas buscavam ganhar dinheiro em "aplicações" que têm como base a essência da pirâmide: o golpe antigo do dinheiro rápido e fácil, de preferência, sem sair de casa.

A nova "onda" de pirâmides usa como fachada o modelo de negócio de marketing multinível, muito comum nos Estados Unidos e que caracteriza empresas como a poderosa Herbalife e Tupperware. Como não há na legislação brasileira nada que diferencie marketing multinível de pirâmide financeira, os casos, quando descobertos, se enquadram na lei 1.521/51, que define como crime o ganho ilícito decorrente do prejuízo alheio mediante especulação ou fraude. A penalização é detenção de seis meses a dois anos, suspensão das atividades da empresa e multa a ser definida pela Justiça

As operações, geralmente muito bem elaboradas com histórias mirabolantes, envolvem o ganho de dinheiro baseado principal ou exclusivamente no recrutamento de outras pessoas para o sistema fraudulento, sem quaisquer produtos ou serviços de fato ou de direito, a serem efetivamente entregues ao consumidor.

Boi Gordo deu prejuízo a 30 mil investidores
Esse tipo de esquema ficou mundialmente conhecido na década de 1920 com o ítalo-americano Charles Ponzi, que atraiu a milhares de clientes prometendo uma rentabilidade de 50% em apenas 45 dias. Condenado há anos de prisão, Ponzi posteriormente mudou-se para o Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, onde morreu pobre em 1949. Sua experiência deu nome ao golpe de pirâmide financeira, também conhecida como Esquema Ponzi.

Um dos maiores casos ocorridos em solo tupiniquim foi o das Fazendas Reunidas Boi Gordo, responsáveis pelo prejuízo a mais de 30 mil investidores, que perderam, juntos, a bagatela de 3,9 bilhões de reais. Seduzidos pela oportunidade de embolsar um lucro mínimo de 42% no prazo de um ano e meio, clientes e "investidores" aplicaram suas economias na Boi Gordo.

Madoff, o maior de todos os fraudadores
Mas se engana quem acha que só pessoas com pouca instrução, ou as excessivamente inocentes, é que são atraídas e se tornam vítimas naturais dos golpes de pirâmide financeira. Bernard Lawrence Madoff amealhou mais de 60 bilhões de dólares com o maior esquema Ponzi da história. Considerado um dos mais bem-sucedidos gerentes de investimentos de Nova York, Madoff administrou os recursos de 16 mil vítimas, entre empresas famosas, corporações sólidas, pessoas ricas e poderosas. Em 2009, Madoff foi condenado a 150 anos de prisão por fraude contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e perjúrio

O Estado de Goiás, conhecido como celeiro do Brasil e do mundo, a terra da música sertaneja, do pequi e de um povo hospitaleiro, também poderia facilmente ser intitulada como o berço de grandes golpes de Pirâmide Financeira. Além da Boi Gordo, que teve vasta atuação em Goiás por ser um estado pecuarista, um dos golpes mais famosos foi o da empresa Avestruz Master, fundada em Goiânia. O grupo oferecia contratos de compra e venda de avestruzes com compromisso de recompra dos animais. Assim, quem investisse em uma ave com 18 meses de vida, ganharia um retorno de 10% ao mês sobre a aplicação até o mês em que a avestruz fosse readquirida pela empresa. O negócio propriamente prometido jamais evoluiu, em sete anos de operação nenhuma ave foi abatida. Na teoria, a Avestruz Master teria comercializado mais de 600 mil animais, mas na prática só possuía 38 mil

Como as duplas sertanejas, as Pirâmides Financeiras não param de surgir todos os dias no Brasil, sobretudo em Goiás. Com uma simples consulta no buscador do Google, qualquer cidadão comum vai se deparar com anúncios de golpes disfarçados de oportunidades. São convites tentadores de grana fácil, com promessas de rentabilidade crescente muito acima da média.

Em uma dessas pesquisas pela Internet, encontramos aquela que pode ser a nova sensação do momento, a Seven Opportunity. A empresa oferece a absurda e inimaginável rentabilidade de 1% ao dia, 365% de rentabilidade ao ano, capaz de fazer os megainvestidores George Soros e Warren Buffett repensarem suas opções sobre suas carteiras de investimentos

Onze dicas para identificar uma pirâmide

1 - Atuação com um forte esquema de autopromoção dos líderes, normalmente personagens escolhidos a dedo para iniciar e propagar o golpe (são os únicos que de fato ganham)

2 - Recrutamento de pessoas, com recompensas grandiosas, para o desenvolvimento de novas redes.

3 - Rentabilidade absurdamente encantadora, impossível de se atingir no mercado regulado;

4 - Remuneração da empresa ou do representante total, ou quase totalmente, baseada na entrada de novas pessoas para o negócio, e não na venda dos produtos e serviços.

5 - Atividades parcial ou totalmente ilícitas;

6 - Operações empresariais não registradas no Município, Estado ou União;

7 - Ausência da emissão de nota fiscal na compra ou venda de produtos ou serviços;

8 - Utilização de plataformas de pagamento não constituídas legalmente no Brasil;

9 - Contratos falhos ou leoninos;

10 - Sistema de bonificação Binário;

11 - Motivação acima da razão.

A CVM e o Ministério Público possuem Informativos em suas páginas para esclarecer ao cidadão e auxiliar na identificação de Pirâmides Financeiras disfarçadas de empresas de Venda Direta ou Marketing de Rede.

Fonte: O Dia Online - 21/12/2016

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