Viver com os pais é ótimo investimento
Publicado em 12/12/2016 , por Alex Campos
O preço da independência é alto, a vida é mais cara e os custos são maiores
Rio - Há duas ou três coisas que se precisa saber antes de se tomar a decisão de sair da casa dos pais para morar sozinho. A rigor, não existe hora ou idade para isso. O que existe (ou o que deve existir) são condições básicas, mínimas e razoáveis. Essa é uma opção muito pessoal que impõe risco, desafio, aventura, disciplina, aprendizado, planejamento e organização.
Tudo ao mesmo tempo porque o preço da independência é alto, a vida é mais cara e os custos são maiores. Eles incluem a compra ou aluguel da moradia, possíveis reformas, eventuais manutenções; gastos com móveis, eletros e supermercados; serviços como luz, gás, água, telefone... e, talvez, condomínio. Quem não for prendado e não tiver disposição, terá ainda que pagar a alguém para passar, lavar, secar e, de vez em quando, claro, varrer ou fazer a faxina.
BANHEIRO DE PORTA ABERTA
Se a moça ou rapaz continuar recebendo ajuda para morar só, deve levar em conta que essa escolha ou esse capricho pode enriquecer a pessoa, mas pode também empobrecer a família. É preciso considerar se realmente vale mesmo a pena realizar o sonho de ir ao banheiro de porta aberta, lavar a louça quando quiser e dormir ou acordar a qualquer hora, ao preço de passar o resto do dia tendo pesadelos com contas, carnês, dívidas, empréstimos e/ou financiamentos.
Não se trata aqui de tentar desencorajar ninguém, longe disso, mas cabe lembrar que grandes decisões exigem grandes responsabilidades, e grandes responsabilidades implicam grandes despesas. Quem não pensar em tudo isso vai passar por situações constrangedoras, como aquela em que “o bom filho à casa torna” pedindo “eu quero a minha mãe”.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA RETRAÇÃO
QUANTO, COMO E ONDE ‘VÁRIAS COISAS’
Um casal de noivos — que quer casar e quer casa — me escreve para saber se deve entrar logo num financiamento ou se é melhor “esperar a crise e as reformas”. Nessas situações, minha resposta inicial é sempre: “Não sei”. Depende de quanto o casal ganha, quanto tem para dar de entrada, quanto tem para pagar o financiamento, quanto, como e onde “várias coisas”.
Sem contar a lista de “se”: se o casal tem filhos, se tem empregos estáveis, se só ele ou só ela trabalha, se paga aluguel e condomínio, se ganha o bastante para assumir um contrato pesado de longo prazo... Resumindo: se um casal tem boas respostas para essas perguntas, não há porque temer ou esperar a crise e as reformas — retrações podem até trazer alguma vantagem.
IMÓVEIS NÃO SÃO BARRACAS DE PRAIA
No Brasil, regras, rigores e garantias já são coisas sérias e sólidas, independentemente de crise ou reformas. Não há no país nada parecido com o estouro imobiliário do “subprime”, em 2018, nos Estados Unidos.
Lá, os financiamentos tinham esse apelido porque eram dados às cegas, às escuras, a pessoas que simplesmente não enxergavam que não poderiam pagar tanto por tão pouco ou tão pouco por tanto.
Vendiam-se imóveis caros como se fossem barracas de praia, e imóveis baratos como se fossem palácios. No longo prazo, muita gente se afogou em dívidas e lágrimas. No Brasil, se caem, quando caem, os preços não “desmoronam” parecendo castelos de areia atingidos por tsunamis de calote.
PAZ E FELICIDADES NAS PRESTAÇÕES
Descontos, desistência de compras e desaceleração de vendas já ocorreram no Brasil. Mas isso é normal depois de uma década de crescimento seguida de recessão. Longos ciclos positivos tendem a perder fôlego. No setor imobiliário aqui, o pior já passou (para os profissionais do mercado, e não para os clientes). Nenhum grande banco quebrou por isso e nenhuma família ficou sem sua casa. Enfim, desejo aos noivos que se casem em paz e sejam felizes para sempre – ou, pelo menos, enquanto durarem as prestações.
Bom domingo e boa sorte!
Fonte: O Dia Online - 11/12/2016
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