Mesmo com jogo, Brasil nunca terá uma Las Vegas, diz ex-prefeita
Publicado em 28/11/2016 , por JOANA CUNHA
Ainda que seja aprovada a legislação que tramita em Brasília para liberar jogos de azar no Brasil, o país nunca terá uma Las Vegas.
A opinião é de Jan Jones Blackhurst, ex-prefeita da capital do jogo, que depois de seus dois mandatos, na década de 1990, empregou-se no Caesars Entertainment, gigante dos cassino-resorts do qual é vice-presidente responsável pela área de relações com governos.
Ela diz que a cidade é irreplicável porque foi construída em um deserto, como se fosse uma tela em branco.
Blackhurst defende que o jogo não é viciante como o cigarro e que é possível criar meios de barrar dependentes.
Folha - Como avalia os projetos de lei em andamento?
Jan Jones Blackhurst - Ainda estão em desenvolvimento. Mas, para atrair grandes operadores americanos, o regime regulatório é importante. Temos licenças no mundo todo e não vamos colocá-las em risco
para operar numa jurisdição que não tenha definições transparentes. É preciso ter certeza de que as regulações federal, estadual e municipal estejam de acordo entre si.
Para onde o governo deveria direcionar a receita?
Tem de garantir que os centros de entretenimento sejam acessíveis. Isso se faz com infraestrutura. Mas, ao mesmo tempo, é possível melhorar a infraestrutura para a comunidade. Quando fui prefeita, foram colocados milhares de novos quartos de hotel na cidade. Mas foram também bilhões em infraestrutura, rodovias, expansão de aeroportos, distribuição de água, habitação, escolas.
O que diz sobre o receio de que facilita lavagem de dinheiro?
Precisa ter estrutura regulatória correta. Há modelos nos EUA, na Austrália, que são bem construídos para combater lavagem de dinheiro. O Brasil tem que garantir isso.
O projeto limita poucos cassinos por Estado. Não deveria ser como Las Vegas, com muitos deles juntos?
Las Vegas era uma tela em branco, um deserto. O Brasil já tem cidades densas. Nunca vão conseguir replicar. É melhor olhar o que já existe e depois construir resorts que complementem.
Las Vegas era uma cidade completamente nova. Poderia ser construída do nada. E o Brasil não precisa disso, tem boas razões para atrair turistas. Pode incorporar a experiência com shoppings e restaurantes, casas noturnas. Só precisa construir mais instalações. Em Las Vegas, ao mesmo tempo em que foram construindo os hotéis, também construíram centros de convenções. Temos 92% de ocupação nos hotéis porque ocupamos durante a semana com outros eventos.
Os grandes jogadores são fiéis às marcas de hotel?
São. Há cassino-hosts, um anfitrião que ajeita tudo. É uma relação em que importa o modo como você é tratado, a hospitalidade, se sabemos seu nome. Por isso temos um programa de fidelidade.
E o vício?
Cerca de 2% das pessoas que jogam se viciam. Mas o cassino não causa o vício. Elas provavelmente seriam viciadas de qualquer maneira. No Brasil, já há pessoas com problemas, mas elas não têm serviços de apoio.
Como proteger o viciado?
Com conscientização e campanhas que mostrem às pessoas que, se elas têm o problema, há um número em que podem ligar. O governo deve usar parte da receita para levantar fundos para isso. Todos os nossos funcionários são treinados para identificar isso. Se o consumidor demonstrar que está tendo problemas, podemos nos aproximar e dizer onde buscar ajuda. O cliente pode se excluir ou se restringir.
Como?
Há uma base de dados. Se você for um cliente com restrições e tentar fazer check-in em um hotel ou usar o seu cartão de jogo, nós o reconhecemos. Se você ganhar um jackpot [prêmio acumulado] estando com restrição declarada, podemos doar para caridade.
Algumas pessoas dizem que jogar causa problemas. Não é isso. Pessoas que têm a patologia têm problemas. Cigarro é viciante. Jogo, não.
RAIO-X
Cargo
Vice-presidente-executiva de comunicações e relações com o governo do Caesars Entertainment
Trajetória
Prefeita de Las Vegas entre 1991 e 1999
Formação
Graduada em Inglês pela Universidade Stanford
Fonte: Folha Online - 27/11/2016
Notícias
- 27/11/2024 68,1 milhões de consumidores estavam inadimplentes em outubro
- Inflação já é uma realidade
- Bancos pressionam governo por revisão do teto de juros do empréstimo consignado do INSS
- Black Friday 2024: veja quais são os direitos do consumidor para a data
- Gastos do Bolsa Família aumentaram 47,1% em 2023, aponta IBGE
- TJDFT mantém indenização por cobranças indevidas e assédio telefônico a consumidor
- Um em cada três proprietários de imóveis enfrenta dificuldades para definir preço de venda ou aluguel
Perguntas e Respostas
- Quanto tempo o nome fica cadastrado no SPC, SERASA e SCPC?
- A consulta ao SPC, SERASA ou SCPC é gratuita?
- Saiba quais os bens não podem ser penhorados para pagar dívidas
- Após quantos dias de atraso o credor pode inserir o nome do consumidor no SPC ou SERASA?
- Protesto de dívida prescrita é ilegal e dá direito a indenização por danos morais
- Como consultar SPC, SERASA ou SCPC?
- ACORDO - Em caso de acordo, após o pagamento da primeira parcela o credor é obrigado a tirar o nome do devedor dos cadastros de SPC e SERASA ou pode mantê-lo cadastrado até o pagamento da última parcela?
- CHEQUE – Não encontro à pessoa para qual passei um cheque que voltou por falta de fundos. O que posso fazer para pagar este cheque e regularizar minha situação?
- Problemas com dívidas? Dicas para você não entrar em desespero
- PROTESTO - Qual o prazo para o protesto de um cheque, nota promissória ou duplicata? O protesto renova o prazo de prescrição ou de inscrição no SPC e SERASA?
- O que o consumidor pode fazer quando seu nome continua incluído na SERASA ou no SPC após o pagamento de uma dívida ou depois de 5 anos?
- Cartão de Crédito: Procedimentos em caso de perda, roubo ou clonagem
- Posso ser preso por dívidas ?
- SPC e SERASA, como saber se seu nome está inscrito?
- Acordo – Paga a primeira parcela nome deve ser excluído dos cadastros negativos (SPC, SERASA, etc)