Endividados conseguem sair do vermelho e investir em plena crise
Publicado em 16/11/2016 , por DANIELLE BRANT
Nylton Andrade em sua empresa de videos: ele mudou as datas das contas e passou a guardar dinheiroNylton mudou a data de vencimento das contas da casa. Rodrigo concentrou gastos no cartão de crédito, com limite equivalente a 30% de sua renda. Leandro cortou despesas e conseguiu ir ao cinema pela primeira vez após 12 anos. Além de sair do vermelho no ano em que o Brasil lutou para sair da recessão econômica, os três têm outro ponto em comum: hoje guardam dinheiro para investir.
Usar o cheque especial e o cartão de crédito era recurso recorrente nos três casos. Para o gerente de projetos Nylton Andrade, 30, a dificuldade de organizar as contas fazia com que, todos os meses, entrasse pelo menos R$ 3.000 no cheque especial, a segunda linha de crédito mais cara do mercado. No rotativo do cartão de crédito, campeão de juros, chegou a usar R$ 8.000.
"Tive que fazer empréstimo de R$ 23 mil no banco para quitar o cartão. Depois comecei a cortar despesas e supérfluos", afirma. Para saber o que estava acontecendo com seu dinheiro, o mineiro usou um aplicativo que mapeia os gastos e avalia a saúde financeira com base nos dados de sua conta bancária.
Mas a principal mudança foi trocar a data de vencimento das contas. "Comprava antes de a fatura do cartão fechar e algumas contas venciam antes de eu receber, então eu entrava no cheque especial. Coloquei todas no débito automático e renegociei as datas", diz. Limpar as finanças levou um ano. No começo de 2016, Nylton conseguiu trocar a moto e começar a economizar. No momento, o dinheiro está na poupança.
SUPÉRFLUOS
Para o analista de sistemas Leandro Ferrazzi, 38, a solução para sair do vermelho foi cortar das despesas o que ele chama de "besteiras". Todos os meses ele gastava 70% de seu limite de R$ 10.000 no cartão de crédito com "sorvete, pizza, bar e restaurante".
Por causa do descontrole, o paulistano ficou 12 anos sem ir ao cinema, 16 sem viajar com a mulher e os três filhos. "Em janeiro, consegui fazer uma viagem de sete dias em Maceió com minha família", conta o analista.
No auge do endividamento, Leandro chegou a ter dívidas nos seis cartões de crédito que possui -embora só use efetivamente três deles.
Depois de fazer um empréstimo e mudar os hábitos familiares, começou a juntar dinheiro: "Sempre quis investir em título público, mas nunca tive condição. Deixo atualmente o dinheiro na conta-corrente, pois está atrelado a uma aplicação conservadora em CDI. Penso em comprar ações ou imóvel."
Títulos públicos foram o investimento escolhido pelo consultor de negócios Rodrigo Silva, 31. Mas a aplicação só se tornou realidade depois de o mineiro parar de metade do salário mensal no cheque especial e concentrar gastos no cartão de crédito, que foi limitado a 30% de sua renda.
Para guardar o dinheiro, ele cortou 90% das viagens que costumava fazer aos finais de semana para o Rio de Janeiro e também diminuiu as saídas com os amigos.
HÁBITO
Identificar o destino do dinheiro é o primeiro passo para economizar e investir, diz a planejadora financeira Eleonora Rodrigues Braude.
Ela recomenda separar o valor destinado a lazer em uma bolsa e anotar as despesas do dia a dia em uma planilha. "O hábito de entender o orçamento deve ser recorrente, até para não chegar a extremos de precisar congelar o cartão de crédito, conforme relatos que já ouvi."
Há aplicativos na internet que ajudam nessa tarefa, como o GuiaBolso, que tem mais de 3 milhões de usuários. Da base de clientes, afirma o sócio-fundador do aplicativo, Thiago Alvarez, 34% estão atualmente no cheque especial e 15% usam o rotativo do cartão de crédito.
Fonte: Folha Online - 14/11/2016
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