O que você realmente sabe sobre gestão de crise?
Publicado em 31/10/2016 , por Samy Dana
Não há dúvidas de que o Brasil tem uma forte veia empreendedora. No País, pelo menos quatro em cada dez brasileiros adultos já possuem uma empresa ou planejam abrir uma, de acordo com dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Mas abrir uma empresa pode não ser o maior desafio de um empreendedor. Saber como contornar uma crise é o que pode ser decisivo para a sobrevivência de um negócio.
Sobre este tema, os economistas Richard Nelson e Sidney Winter, ambos professores na Universidade de Yale, desenvolveram uma teoria que aponta que os hábitos criados em uma corporação são fruto de um complexo emaranhado de decisões independentes dos funcionários e padrões estabelecidos no passado. Os hábitos não se formam com base em pesquisa e escolhas deliberadas.
Faz sentido se você pensar em algumas situações pelas quais já passou. Quantas vezes você já obedeceu a instruções da empresa que não pareciam fazer muito sentido? Muitas vezes hábitos antigos continuam sendo seguidos, mesmo que não tenham mais razão para existir.
Por outro lado, os economistas apontam que esse processo de formação de rotinas dentro das empresas, de certo modo, cria tréguas que permitem que todo mundo consiga conviver de forma pacífica dentro das corporações. Sobre este aspecto, o escritor Charles Duhigg, autor de "O Poder do Hábito", pondera sobre a forma como essas tréguas são estabelecidas - e as situações em que podem gerar consequências negativas. Nos exemplos citados, podemos aprender com o surgimento de uma crise.
O primeiro caso é o do hospital Rhode Island, que durante certo período foi alvo de uma série de críticas e autuações devido ao excesso de erros médicos que vinham acontecendo em sequência. O ambiente de trabalho havia ficado caótico porque a "trégua" era unilateral: além do clima de estresse típico de um ambiente hospitalar, a opinião dos enfermeiros era sempre subjugada, e por vezes, punida pelos médicos. O resultado dessa equação desigual era um hospital em que só os médicos tinham voz. Os enfermeiros, por sua vez, trabalhavam em um clima de medo e eram ignorados a cada vez que notavam um protocolo que não estava sendo seguido da melhor forma. O clima hostil também colaborava para que os erros surgissem com mais facilidade.
Neste caso, a solução veio com a intervenção de alguém que estava disposto a aproveitar a crise para reformular tudo que o hospital precisava mudar. As soluções foram treinamento para todo o quadro de funcionários, reformulação de equipes, demissões, uma comissão externa de avaliação, dentre outras medidas. A crise foi a oportunidade que o hospital teve para dar mais espaço aos enfermeiros, equilibrar as relações, melhorar os padrões e diminuir os erros.
No segundo exemplo, o excesso de organização foi o responsável por uma catástrofe: um incêndio que matou 31 pessoas na estação King\'s Cross, em Londres. Na época da tragédia, a hierarquia estabelecida no Metrô de Londres pregava que um departamento não deveria, em nenhuma circunstância, interferir nas atribuições do outro. Isso manteve o espaço funcionando de forma ordeira por muito tempo, até que surgiu uma situação de emergência, ninguém sabia como agir e não houve liderança.
A investigação que deveria apurar somente o fato ocorrido tornou-se um enorme dossiê que denunciava o despreparo da equipe para situações de emergência. Isso serviu como ponto de partida para uma reformulação que permitiu a transformação da cultura estabelecida. Os departamentos passaram a dialogar mais e mecanismos para melhorar a segurança foram desenvolvidos.
Como mostram os dois exemplos, crises estão sujeitas a acontecer em cenários caóticos ou com excesso de organização. O ponto crucial para superar a dificuldade é a forma de encarar a crise e usá-la como aprendizado para uma transformação. O sucesso da sua empresa não depende da criação de hábitos que impeçam uma crise de acontecer, isso é praticamente impossível. O que realmente vai contar é a sua capacidade de enxergar os pontos falhos, corrigir o problema e usá-lo para colocar o seu negócio em um patamar melhor – ainda que seja necessário mexer em toda a estrutura da empresa.
Fonte: G1 - 29/10/2016
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