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Alex Campos: O ′câncer do dinheiro′ ainda sem cura no BC
Publicado em 24/10/2016 , por Alex Campos
A exemplo do futebol, chegará o dia em que o Brasil terá mais de 200 milhões de técnicos de "Economia" — e isso será bom
Rio - A exemplo do futebol, chegará o dia em que o Brasil terá mais de 200 milhões de técnicos de "Economia" — e isso será bom. Enquanto não acontece, eu sigo aqui treinando o time. As reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) não chegam a disputar atenção ou despertar paixão como as convocações da Seleção Brasileira, porém, acredite, são tão ou mais importantes quanto saber quem ficará com a faixa de capitão ou quem fará a proteção da defesa e a ligação para o ataque.
ESTRAGO FEITO, DOSE SEM EFEITO
Cabe ao Copom calibrar a taxa básica de juros do BC a cada 45 dias — foi o que ocorreu na quarta-feira passada. Esse ajuste fino leva em conta uma série de fatores financeiros e indicadores econômicos. Em geral, a taxa sobe para encarecer o crédito e inibir o consumo, a fim de desacelerar ou evitar a inflação. O problema é que, ao subir demais, os juros acabam desaquecendo ou travando toda a economia. Negócios, indústrias, comércio, emprego, renda... enfrentam um furacão de prejuízos com impactos que vão dos grandes investimentos até os pequenos carnês, do mercado imobiliário ao mercadinho da esquina.
Depois de estimular o crédito e o consumo em 2009 e 2010, o governo (não importa qual) perdeu o controle dos preços. Essa situação se agravou em 2011 e 2012, no outro governo (não importa de quem). Nos últimos quatro anos, a taxa básica do BC só fez subir a pretexto de se barrar a inflação. Mas o estrago estava feito e as altas doses de juros já não faziam mais efeito. Isso porque não é só com política monetária que se combate o caos ou o colapso econômico. Governos (todos) gastam o que não têm, o que não devem e o que não podem. Também gastam mal porque gastam mais do que arrecadam e gastam mais do que arrecadam porque gastam mal. Por isso, infelizmente, tetos, ajustes e reformas estão na ordem do dia —> infelizmente porque chegamos a um ponto em que a alternativa é a morte.
O RECADO DO BANCO CENTRAL FOI SUTIL
É apenas um número: 0,25. Mas um número que conta muitas histórias sobre seu orçamento, seu bolso e sua vida.
Enfim, na quarta (19), o Copom calibrou para baixo, reduzindo a taxa básica de juros de 14,25% para 14% (0,25 ponto percentual). Com esse corte pequeno ou gesto simbólico, o BC quis sinalizar ao Brasil e ao mundo que está atento às melhorias dos cenários financeiros e das perspectivas econômicas. Ao mesmo tempo também quis mostrar que essas melhorias se devem mais à troca de guarda no Palácio do Planalto do que aos esforços para reverter os estragos herdados.
A todos, o recado do Banco Central foi sutil: só porque tudo está diferente não significa que algo mudou.
NEM NO MURRO, NEM NA MARRA
De novo sob comando de um homem competente, Ilan Goldfajn (o outro nesse nível foi o atual chefe dele, Henrique Meirelles), o BC agora manda avisar o seguinte: juros altos e inflação persistente — que põem em risco a estabilidade econômica de todo o país e de todas as famílias — não se combate mais apenas com retóricas, bravatas e decretos. Muito menos com desonerações nesse ou naquele segmento escolhido ou protegido pelo Estado.
O desafio hoje exige duros esforços de redução de gastos públicos, revisão de impostos dementes e reformas de legislações caducas. Só assim é possível promover corte de juros de forma sustentável, em vez de corte de juros na base do grito, no murro ou na marra — como era até outro dia.
NADA MAIS QUE BALA, JUJUBA OU AMENDOIM
Repara: o atual poder destrutivo da inflação no Brasil chegou ao ponto em que a moeda de 1 real, sozinha, já não paga mais nada — nada mais que bala, jujuba ou amendoim. A cédula de 2 reais, sozinha, também já não paga sequer uma passagem de van, trem, metrô, ônibus ou carroça de burro.
Quem tem hoje uns 30 anos talvez não saiba do que se trata, mas, para além dessa idade, é possível lembrar que, na época da alta inflação ou da hiperinflação, existia o "câncer do dinheiro” — a doença está de volta, ainda sem cura.
Bom domingo e boa sorte!
Rio - A exemplo do futebol, chegará o dia em que o Brasil terá mais de 200 milhões de técnicos de "Economia" — e isso será bom. Enquanto não acontece, eu sigo aqui treinando o time. As reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) não chegam a disputar atenção ou despertar paixão como as convocações da Seleção Brasileira, porém, acredite, são tão ou mais importantes quanto saber quem ficará com a faixa de capitão ou quem fará a proteção da defesa e a ligação para o ataque.
ESTRAGO FEITO, DOSE SEM EFEITO
Cabe ao Copom calibrar a taxa básica de juros do BC a cada 45 dias — foi o que ocorreu na quarta-feira passada. Esse ajuste fino leva em conta uma série de fatores financeiros e indicadores econômicos. Em geral, a taxa sobe para encarecer o crédito e inibir o consumo, a fim de desacelerar ou evitar a inflação. O problema é que, ao subir demais, os juros acabam desaquecendo ou travando toda a economia. Negócios, indústrias, comércio, emprego, renda... enfrentam um furacão de prejuízos com impactos que vão dos grandes investimentos até os pequenos carnês, do mercado imobiliário ao mercadinho da esquina.
Depois de estimular o crédito e o consumo em 2009 e 2010, o governo (não importa qual) perdeu o controle dos preços. Essa situação se agravou em 2011 e 2012, no outro governo (não importa de quem). Nos últimos quatro anos, a taxa básica do BC só fez subir a pretexto de se barrar a inflação. Mas o estrago estava feito e as altas doses de juros já não faziam mais efeito. Isso porque não é só com política monetária que se combate o caos ou o colapso econômico. Governos (todos) gastam o que não têm, o que não devem e o que não podem. Também gastam mal porque gastam mais do que arrecadam e gastam mais do que arrecadam porque gastam mal. Por isso, infelizmente, tetos, ajustes e reformas estão na ordem do dia —> infelizmente porque chegamos a um ponto em que a alternativa é a morte.
O RECADO DO BANCO CENTRAL FOI SUTIL
É apenas um número: 0,25. Mas um número que conta muitas histórias sobre seu orçamento, seu bolso e sua vida.
Enfim, na quarta (19), o Copom calibrou para baixo, reduzindo a taxa básica de juros de 14,25% para 14% (0,25 ponto percentual). Com esse corte pequeno ou gesto simbólico, o BC quis sinalizar ao Brasil e ao mundo que está atento às melhorias dos cenários financeiros e das perspectivas econômicas. Ao mesmo tempo também quis mostrar que essas melhorias se devem mais à troca de guarda no Palácio do Planalto do que aos esforços para reverter os estragos herdados.
A todos, o recado do Banco Central foi sutil: só porque tudo está diferente não significa que algo mudou.
NEM NO MURRO, NEM NA MARRA
De novo sob comando de um homem competente, Ilan Goldfajn (o outro nesse nível foi o atual chefe dele, Henrique Meirelles), o BC agora manda avisar o seguinte: juros altos e inflação persistente — que põem em risco a estabilidade econômica de todo o país e de todas as famílias — não se combate mais apenas com retóricas, bravatas e decretos. Muito menos com desonerações nesse ou naquele segmento escolhido ou protegido pelo Estado.
O desafio hoje exige duros esforços de redução de gastos públicos, revisão de impostos dementes e reformas de legislações caducas. Só assim é possível promover corte de juros de forma sustentável, em vez de corte de juros na base do grito, no murro ou na marra — como era até outro dia.
NADA MAIS QUE BALA, JUJUBA OU AMENDOIM
Repara: o atual poder destrutivo da inflação no Brasil chegou ao ponto em que a moeda de 1 real, sozinha, já não paga mais nada — nada mais que bala, jujuba ou amendoim. A cédula de 2 reais, sozinha, também já não paga sequer uma passagem de van, trem, metrô, ônibus ou carroça de burro.
Quem tem hoje uns 30 anos talvez não saiba do que se trata, mas, para além dessa idade, é possível lembrar que, na época da alta inflação ou da hiperinflação, existia o "câncer do dinheiro” — a doença está de volta, ainda sem cura.
Bom domingo e boa sorte!
Fonte: O Dia Online - 23/10/2016
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