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Falta de dinheiro faz mal à saúde, avalia pesquisa junto ao consumidor
Publicado em 13/10/2016
Brasileiros com débitos com mais de 90 dias de atraso sofrem com ansiedade, angústia e também depressão
O dinheiro pode não trazer felicidade, mas um descompasso financeiro acarreta problemas graves de saúde. Cada vez mais endividados, os brasileiros estão sofrendo com males físicos e mentais como ansiedade, angústia, dificuldades de relacionamento no trabalho e até mesmo depressão. A conclusão é do levantamento nacional realizado com consumidores com dívidas em atraso há mais de 90 dias pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com a pesquisa, dois em cada três (65,6%) inadimplentes se sentem deprimidos, tristes e desanimados por deverem e, diante da situação, 16,8% recorrem a vícios como cigarro, comida ou álcool, sobretudo, as pessoas das classes C, D e E (17,5%).
Divulgada ontem, a pesquisa entrevistou 602 inadimplentes em todo o Brasil com dívidas com mais de 90 dias. “O resultado nos mostrou que a consequência do endividamento não é só para o bolso, mas também para a saúde dessas pessoas”, comenta a economista do SPC, Marcela Kawauti. Segundo ela, o levantamento apontou que, depois que entraram na lista de devedores, seis em cada 10 inadimplentes admitiram ficar com a autoestima mais baixa (57,8%). Outros sentimentos que a maioria passou a ter foram: insegurança em não conseguir pagar as dívidas (69,9%), angústia (61,8%), ansiedade (59,8%) e estresse (57,6%). Além disso, quatro em cada 10 inadimplentes (43,9%) sentem-se envergonhados perante a família e amigos por estar nessa situação e 42,5% demonstram em alto grau de preocupação com as dívidas.
Conforme dados do SPC, há atualmente no país 58,8 milhões de endividados e, segundo comenta Kawauti, nessa pesquisa, a depressão, por exemplo, foi diagnosticada depois que as dívidas apareceram. “E, muitas vezes, há um efeito looping em que a pessoa deprimida tenta adquirir algum produto para melhorar, mas acaba gerando outras dívidas”, comenta. Assim, como destaca a economista, o estado emocional do devedor também interfere no modo como ele lida com as suas finanças. “Sentimentos como perda de sono, irritação, baixa autoestima e falta de concentração podem potencializar os problemas, dificultando ainda mais o processo de saída do endividamento.”
Ainda de acordo com a especialista do SPC, a questão não se limita à dívida e tem impactos em todas as esferas da vida. “As pessoas relatam ter problemas de relacionamento profissional, social e familiar: 15,9% afirmaram ter ficado desatentas e pouco produtivas no trabalho ou nos estudos, enquanto 12,6% têm estado mais nervosos, cometendo agressões verbais a familiares e amigos, e 7,6% já partiram até mesmo para agressões físicas”, alerta.
Para a psiquiatra Luciana Nogueira de Carvalha, que atende na Maternidade Odete Valadares, para a pessoa deprimida o mundo já está sem cor. “Ela se sente culpabilizada, desvitalizada, sem vontade de realizar tarefas simples do dia a dia. Diante da crise, tanto ideológica quanto financeira pela qual nosso país está, o estresse aumentou para todos. Muitas pessoas perderam o emprego e já não podem mais viver como faziam anteriormente”, avalia, acrescentando que, o momento atual catalisa o sentimento de inutilidade e de descrença, comuns nos quadros depressivos. “A depressão, muitas vezes já existente em algumas pessoas, agrava-se nesta atual situação social pela qual estamos passando”, diz.
No divã
No primeiro semestre deste ano, uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 80% das pessoas que acumulam débitos sofrem de depressão. No início de setembro, o Estado de Minas mostrou que a crise econômica tem atingido a saúde de diversos perfis de profissionais. A reportagem mostrou que recessão está presente em 80% das queixas dos pacientes em muitos consultórios de psiquiatria de Belo Horizonte, e a procura por uma ajuda médica ou psicológica por causa do cenário já corresponde a 40% dos casos em alguns locais, nos últimos 12 meses. Ansiedade, insônia, distúrbios, desânimos, depressão e síndrome do pânico são alguns dos quadros desenvolvidos por quem sentiu o impacto do desemprego, inflação e redução do poder de consumo.
Pior do que os males mentais desencadeados, há os casos de pessoas que, desesperadas com as perdas econômicas, chegaram ao extremo e pensam em tirar a própria vida. Com dados sob sigilo, o Centro de Valorização à Vida (CVV) de BH informou ao EM que as ligações de pessoas com esse tipo de pensamento tem crescido nos últimos meses.
Soluções
Quem passa por momento de problemas emocionais deve, primeiramente, procurar uma ajuda médica. Além disso, de acordo com a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti o planejamento financeiro é a outra saída. “Quem está com dívidas, deve-se organizar: anotar o que ganha, o que gasta. E, para quitar o que deve, fazer alguns cortes essenciais nos gastos e lembrar que isso é temporário”, indica. Ela reforça que o endividado não deve deixar para as dívidas para depois. “Deve tentar encarar para resolver, caso contrário, pode virar uma bola de neve.” Mesmo para quem não está nessa situação, Kawauti aconselha se prevenir. “Comece a se organizar, pois o imprevisto pode ocorrer com todo mundo”, enfatiza.
O dinheiro pode não trazer felicidade, mas um descompasso financeiro acarreta problemas graves de saúde. Cada vez mais endividados, os brasileiros estão sofrendo com males físicos e mentais como ansiedade, angústia, dificuldades de relacionamento no trabalho e até mesmo depressão. A conclusão é do levantamento nacional realizado com consumidores com dívidas em atraso há mais de 90 dias pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com a pesquisa, dois em cada três (65,6%) inadimplentes se sentem deprimidos, tristes e desanimados por deverem e, diante da situação, 16,8% recorrem a vícios como cigarro, comida ou álcool, sobretudo, as pessoas das classes C, D e E (17,5%).
Divulgada ontem, a pesquisa entrevistou 602 inadimplentes em todo o Brasil com dívidas com mais de 90 dias. “O resultado nos mostrou que a consequência do endividamento não é só para o bolso, mas também para a saúde dessas pessoas”, comenta a economista do SPC, Marcela Kawauti. Segundo ela, o levantamento apontou que, depois que entraram na lista de devedores, seis em cada 10 inadimplentes admitiram ficar com a autoestima mais baixa (57,8%). Outros sentimentos que a maioria passou a ter foram: insegurança em não conseguir pagar as dívidas (69,9%), angústia (61,8%), ansiedade (59,8%) e estresse (57,6%). Além disso, quatro em cada 10 inadimplentes (43,9%) sentem-se envergonhados perante a família e amigos por estar nessa situação e 42,5% demonstram em alto grau de preocupação com as dívidas.
Conforme dados do SPC, há atualmente no país 58,8 milhões de endividados e, segundo comenta Kawauti, nessa pesquisa, a depressão, por exemplo, foi diagnosticada depois que as dívidas apareceram. “E, muitas vezes, há um efeito looping em que a pessoa deprimida tenta adquirir algum produto para melhorar, mas acaba gerando outras dívidas”, comenta. Assim, como destaca a economista, o estado emocional do devedor também interfere no modo como ele lida com as suas finanças. “Sentimentos como perda de sono, irritação, baixa autoestima e falta de concentração podem potencializar os problemas, dificultando ainda mais o processo de saída do endividamento.”
Ainda de acordo com a especialista do SPC, a questão não se limita à dívida e tem impactos em todas as esferas da vida. “As pessoas relatam ter problemas de relacionamento profissional, social e familiar: 15,9% afirmaram ter ficado desatentas e pouco produtivas no trabalho ou nos estudos, enquanto 12,6% têm estado mais nervosos, cometendo agressões verbais a familiares e amigos, e 7,6% já partiram até mesmo para agressões físicas”, alerta.
Para a psiquiatra Luciana Nogueira de Carvalha, que atende na Maternidade Odete Valadares, para a pessoa deprimida o mundo já está sem cor. “Ela se sente culpabilizada, desvitalizada, sem vontade de realizar tarefas simples do dia a dia. Diante da crise, tanto ideológica quanto financeira pela qual nosso país está, o estresse aumentou para todos. Muitas pessoas perderam o emprego e já não podem mais viver como faziam anteriormente”, avalia, acrescentando que, o momento atual catalisa o sentimento de inutilidade e de descrença, comuns nos quadros depressivos. “A depressão, muitas vezes já existente em algumas pessoas, agrava-se nesta atual situação social pela qual estamos passando”, diz.
No divã
No primeiro semestre deste ano, uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 80% das pessoas que acumulam débitos sofrem de depressão. No início de setembro, o Estado de Minas mostrou que a crise econômica tem atingido a saúde de diversos perfis de profissionais. A reportagem mostrou que recessão está presente em 80% das queixas dos pacientes em muitos consultórios de psiquiatria de Belo Horizonte, e a procura por uma ajuda médica ou psicológica por causa do cenário já corresponde a 40% dos casos em alguns locais, nos últimos 12 meses. Ansiedade, insônia, distúrbios, desânimos, depressão e síndrome do pânico são alguns dos quadros desenvolvidos por quem sentiu o impacto do desemprego, inflação e redução do poder de consumo.
Pior do que os males mentais desencadeados, há os casos de pessoas que, desesperadas com as perdas econômicas, chegaram ao extremo e pensam em tirar a própria vida. Com dados sob sigilo, o Centro de Valorização à Vida (CVV) de BH informou ao EM que as ligações de pessoas com esse tipo de pensamento tem crescido nos últimos meses.
Soluções
Quem passa por momento de problemas emocionais deve, primeiramente, procurar uma ajuda médica. Além disso, de acordo com a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti o planejamento financeiro é a outra saída. “Quem está com dívidas, deve-se organizar: anotar o que ganha, o que gasta. E, para quitar o que deve, fazer alguns cortes essenciais nos gastos e lembrar que isso é temporário”, indica. Ela reforça que o endividado não deve deixar para as dívidas para depois. “Deve tentar encarar para resolver, caso contrário, pode virar uma bola de neve.” Mesmo para quem não está nessa situação, Kawauti aconselha se prevenir. “Comece a se organizar, pois o imprevisto pode ocorrer com todo mundo”, enfatiza.
Fonte: Estado de Minas - em.com.br - 11/10/2016
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