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Reclamações contra bancos crescem 21% em meio à greve dos bancários
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Reclamações contra bancos crescem 21% em meio à greve dos bancários

Publicado em 06/10/2016 , por Karina Trevizan e Marta Cavallini

5 maiores bancos tiveram 10 mil queixas em setembro no site Reclame Aqui. Reclamações sobre FGTS estão entre as principais, diz diretor do site.

O número de reclamações de clientes contra os cinco maiores bancos do país no site Reclame Aqui atingiu o maior patamar do ano no mês de setembro, com 10,2 mil queixas. O número representa alta de 21% em relação a agosto.

O volume de reclamações dos consumidores cresceu durante o período de greve dos bancários. Os trabalhadores entraram em greve no dia 6 de setembro e continuam parados por tempo indeterminado.

Na comparação com setembro de 2015, quando foram registradas 8,6 mil reclamações, a alta no número de queixas foi de 17%, ainda considerando os cinco maiores bancos.

O Reclame Aqui é um portal que reúne reclamações de consumidores contra empresas e abre um canal de comunicação entre eles.

Os números registrados pelo site em setembro também revelam que a greve deste ano já gerou mais reclamações do que na última paralisação dos bancários. Em 2015, a greve aconteceu mais tarde – a categoria suspendeu suas atividades entre os dias 6 e 26 de outubro. Durante aquele mês, foram registradas 9,6 mil reclamações contra os 5 maiores bancos no site Reclame Aqui, um aumento de 10,7% em relação ao mês anterior.

A greve dos bancários completou 30 dias nesta quarta-feira (5). É a maior paralisação da categoria desde 2004, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Até o dia anterior, a paralisação fechou 13.104 agências e 44 centros administrativos, o que representa 55% do total de agências de todo o Brasil.
 

O fundador do Reclame Aqui, Mauricio Vargas, afirma que o forte aumento no número de reclamações em setembro está diretamente ligado à greve dos bancários. “Aquele cliente que precisa realmente do banco para sacar o FGTS e o seguro-desemprego, é esse cara que está vindo reclamar”, afirma, acrescentando que essas reclamações se referem especialmente a queixas contra a Caixa e ao Banco do Brasil.
 
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Em relação aos outros bancos, Vargas aponta que a maioria das queixas são de pequenos e médios empresários.

“Tem empresários que precisam depositar cheques, retirar cheques ou empréstimos e financiamentos, e ninguém consegue. Os grandes empresários sim, conseguem falar com o gerente, mas outros que precisam ter desconto em duplicata, por exemplo, não está conseguindo fazer essa operação.”

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Os bancos com mais reclamações
Entre os 5 maiores bancos, o maior aumento no número de reclamações em setembro foi do Bradesco, com avanço de 62,5%, seguido pelo Banco do Brasil, com 35,7%. A Caixa Econômica Federal e o Itaú Unibanco tiveram aumento de 15,3% e 11,4% no número de queixas, respectivamente. Apenas o Santander teve menos reclamações no mês, com queda de 1%, ainda de acordo com dados do Reclame Aqui.

O G1 procurou os bancos que registraram aumento no número de reclamações em setembro e aguarda os seus posicionamentos.

O Itaú disse que adotou "procedimentos preventivos para garantir que todos os procedimentos continuem em funcionamento no período de greve". O banco disse não ter registrado aumento de reclamações nos seus canais de atendimento e ressaltou que os clientes podem acessar os canais alternativos, como internet banking.

Outros órgãos

O Banco Central também mantém um canal para receber reclamações de consumidores contra os bancos. Os últimos dados divulgados se referem ao mês de agosto e não contemplam o período de greve. As informações serão atualizados somente em novembro, informou o BC.

Já o Procon informou que não há registros de reclamações relacionadas a problemas com a greve dos bancários, mas apenas pedidos de orientação.

A Proteste informou que não houve aumento de reclamações, mas também de pedidos de orientação, principalmente sobre recebimento de salários, do FGTS, seguro-desemprego, pensão alimentícia e perda de senhas, por exemplo, que são serviços que envolvem atendimento presencial em agências.

O que fazer se tiver problemas durante a greve

A Proteste recomenda que o consumidor ligue na agência, e o banco deve orientá-lo ou dar uma solução para o seu problema.

No caso de necessidade de atendimento diretamente na agência, em casos em que o serviço não pode ser feito em caixas eletrônicos nem lotéricas (como saque de seguro-desemprego e do FGTS ou recebimento de cartões do banco necessários para movimentar a conta), o Procon recomenda entrar em contato com o SAC do banco e solicitar uma alternativa. Se não conseguir, o cliente poderá registrar uma reclamação aos órgãos de defesa do consumidor.
não se pode cobrar juros por algo que o cliente não teve culpa. Por isso, ele tem que comprovar que ele não conseguiu realizar aquela operação por causa da greve, que não houve outros meios"
gerente jurídica do Procon-PE, Danyele Sena

Os consumidores podem ainda processar os bancos. Porém, de acordo com o Procon, é uma opção que deve ser avaliada com cuidado, já que o resultado dependerá de análise do Poder Judiciário.

“Se ele [cliente] se sentir lesado ele pode ir direto ao Procon. Nós vamos analisar caso a caso, mas é importante ele saber que não se pode cobrar juros por algo que ele não teve culpa. Por isso, ele tem que comprovar que ele não conseguiu realizar aquela operação por causa da greve, que não houve outros meios”, afirma a gerente jurídica do Procon-PE, Danyele Sena.

Dano moral

O advogado especialista em direitos do consumidor Dori Boucault explica que o Código de Defesa do Consumidor prevê que o prestador responda pela reparação dos danos causados ao consumidor por falha na prestação de serviços. Por isso, o consumidor que se sentir lesado pode procurar a Justiça por dano moral.

“Esse procedimento pode ser por feito por meio de mandato de segurança com a ajuda de um advogado quando o caso for pontual e envolver urgência no serviço, como autorização para financiamento da casa própria ou liberação de FGTS, que envolvem risco grande de prejudicar o consumidor”, explica. Ele diz ainda que é possível entrar com ação no Juizado de Pequenas Causas, mas nesse caso o processo levará meses para ser julgado.

Ele recomenda ainda que seja feita reclamação na ouvidoria do próprio banco ou na do Banco Central. “Os bancos têm que ter um plano B para atender essas pessoas. A população não pode ficar parada sofrendo enquanto eles fazem reunião uma vez por semana”, diz.

Fonte: G1 - 05/10/2016

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