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A ′vidência′ do mercado prevê desde o que você vai comprar até a música que será um sucesso
Publicado em 28/09/2016 , por Samy Dana
Quantas vezes você já ligou o rádio do carro e franziu a testa ao notar que estava ouvindo o novo "sucesso do momento" pela milésima vez? Ainda assim, vez ou outra você deve se pegar involuntariamente cantando trechos do refrão da tal música, seja enquanto prepara um lanche ou embaixo do chuveiro. Afinal, por que será que ficamos com as músicas "chiclete" na cabeça mesmo quando temos a consciência de que não gostamos do estilo musical em questão?
A estatística nos faz aprender e cantar músicas que não gostamos, bem como é usada por grandes redes para nos convencer a consumir mais - e até mesmo direcionar nossas compras. A verdade é que estamos muito mais expostos a inputs de consumo do que acreditamos. As táticas de marketing vão muito além dos anúncios vermelhos sobre promoções ou da disposição estratégica de produtos em lojas - isso já é coisa do passado.
Analisemos, primeiramente, a questão dos hits musicais. Na verdade, é preciso ter muito mais do que simplesmente talento para estourar no mundo da música. Grandes rádios mundiais contam com o suporte de programas que são capazes de prever as chances de determinada música estourar como um grande sucesso - analisando estatisticamente a harmonia, o ritmo, a melodia, entre outros elementos.
Entre os fatores considerados, é muito importante que a música desperte um senso de familiaridade quando for tocada. Do ponto de vista neurológico, o cérebro sente certo tipo de conforto quando se depara com um som que parece familiar. Na verdade, isso é um traço evolutivo: a familiaridade funciona para que saibamos selecionar os sons que realmente são relevantes para a nossa atenção. Não fosse isso, entraríamos em parafuso absorvendo uma enxurrada de informação auditiva, especialmente em locais de grande aglomeração.
No livro "O Poder do Hábito", o autor Charles Duhigg dá o exemplo de como a indústria fonográfica agiu para transformar a música Hey Ya!, do grupo Outkast, em um sucesso mundial. Inicialmente, ela tinha os atributos estatísticos para cair no gosto popular, exceto pela familiaridade - a batida destoava muito de todas as outras músicas que estavam entre as mais tocadas. A solução? Torná-la familiar. A estratégia adotada foi instruir as rádios a tocarem a música entre outras duas que já tinham estourado. Isso evitava que os ouvintes mudassem de estação e trouxe Hey Ya! para a rotina das pessoas.
Assim como a indústria fonográfica é capaz de te convencer a ouvir uma música - mesmo que não goste dela -, o varejo pode prever o que você vai desejar consumir. Duhigg cita o exemplo do estatístico Andrew Pole, uma das figuras mais importantes dentro da rede varejista Target.
Uma prateleira de barras de cereais pode abranger perfis de consumidores completamente diferentes. O produto pode ser colocado no carrinho do jovem que leva uma vida saudável e pratica exercícios regularmente, como também pode entrar nas compras de um estudante que precisa de lanches práticos para consumir durante uma prova. O objetivo de Pole foi criar uma enorme base de dados capaz de entender cada consumidor com base nos produtos colocados no carrinho.
O cruzamento de produtos é capaz de indicar o perfil do consumidor e o momento de vida pelo qual ele passa - para que a empresa possa direcionar os produtos que terão descontos e quais outros indicar em panfletos comerciais. Tudo isso, somado a outros dados que são obtidos com base nos cadastros dos clientes, bem como informações demográficas, ajudam a refinar ainda mais o poder de "previsão" das estatísticas.
Por um lado, tudo isso pode parecer o mapa da mina para os profissionais de marketing. No entanto, os folhetos de oferta personalizados sugerem aos consumidores que as companhias sabem demais sobre suas vidas particulares - e essa invasão de privacidade é incômoda. A solução encontrada pela Target foi misturar as sugestões específicas para cada tipo de consumidor com outras aleatórias, de modo que não fica nítido que a empresa tem tantas informações a respeito do consumidor.
Em suma, tendemos a acreditar que nossas decisões são totalmente racionais e que somos completamente capazes de bloquear as influências das propagandas e ações de marketing. No entanto, essas inferências estão muito além do que os nossos olhos podem ver. É bem provável que você ainda decore muitos refrões de música que detesta, bem como algumas lojas vão continuar "adivinhando" o que você precisa comprar.
A estatística nos faz aprender e cantar músicas que não gostamos, bem como é usada por grandes redes para nos convencer a consumir mais - e até mesmo direcionar nossas compras. A verdade é que estamos muito mais expostos a inputs de consumo do que acreditamos. As táticas de marketing vão muito além dos anúncios vermelhos sobre promoções ou da disposição estratégica de produtos em lojas - isso já é coisa do passado.
Analisemos, primeiramente, a questão dos hits musicais. Na verdade, é preciso ter muito mais do que simplesmente talento para estourar no mundo da música. Grandes rádios mundiais contam com o suporte de programas que são capazes de prever as chances de determinada música estourar como um grande sucesso - analisando estatisticamente a harmonia, o ritmo, a melodia, entre outros elementos.
Entre os fatores considerados, é muito importante que a música desperte um senso de familiaridade quando for tocada. Do ponto de vista neurológico, o cérebro sente certo tipo de conforto quando se depara com um som que parece familiar. Na verdade, isso é um traço evolutivo: a familiaridade funciona para que saibamos selecionar os sons que realmente são relevantes para a nossa atenção. Não fosse isso, entraríamos em parafuso absorvendo uma enxurrada de informação auditiva, especialmente em locais de grande aglomeração.
No livro "O Poder do Hábito", o autor Charles Duhigg dá o exemplo de como a indústria fonográfica agiu para transformar a música Hey Ya!, do grupo Outkast, em um sucesso mundial. Inicialmente, ela tinha os atributos estatísticos para cair no gosto popular, exceto pela familiaridade - a batida destoava muito de todas as outras músicas que estavam entre as mais tocadas. A solução? Torná-la familiar. A estratégia adotada foi instruir as rádios a tocarem a música entre outras duas que já tinham estourado. Isso evitava que os ouvintes mudassem de estação e trouxe Hey Ya! para a rotina das pessoas.
Assim como a indústria fonográfica é capaz de te convencer a ouvir uma música - mesmo que não goste dela -, o varejo pode prever o que você vai desejar consumir. Duhigg cita o exemplo do estatístico Andrew Pole, uma das figuras mais importantes dentro da rede varejista Target.
Uma prateleira de barras de cereais pode abranger perfis de consumidores completamente diferentes. O produto pode ser colocado no carrinho do jovem que leva uma vida saudável e pratica exercícios regularmente, como também pode entrar nas compras de um estudante que precisa de lanches práticos para consumir durante uma prova. O objetivo de Pole foi criar uma enorme base de dados capaz de entender cada consumidor com base nos produtos colocados no carrinho.
O cruzamento de produtos é capaz de indicar o perfil do consumidor e o momento de vida pelo qual ele passa - para que a empresa possa direcionar os produtos que terão descontos e quais outros indicar em panfletos comerciais. Tudo isso, somado a outros dados que são obtidos com base nos cadastros dos clientes, bem como informações demográficas, ajudam a refinar ainda mais o poder de "previsão" das estatísticas.
Por um lado, tudo isso pode parecer o mapa da mina para os profissionais de marketing. No entanto, os folhetos de oferta personalizados sugerem aos consumidores que as companhias sabem demais sobre suas vidas particulares - e essa invasão de privacidade é incômoda. A solução encontrada pela Target foi misturar as sugestões específicas para cada tipo de consumidor com outras aleatórias, de modo que não fica nítido que a empresa tem tantas informações a respeito do consumidor.
Em suma, tendemos a acreditar que nossas decisões são totalmente racionais e que somos completamente capazes de bloquear as influências das propagandas e ações de marketing. No entanto, essas inferências estão muito além do que os nossos olhos podem ver. É bem provável que você ainda decore muitos refrões de música que detesta, bem como algumas lojas vão continuar "adivinhando" o que você precisa comprar.
Fonte: G1 - 27/09/2016
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