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Beleza põe a mesa?
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Beleza põe a mesa?

Publicado em 22/09/2016

Na hora de escolher seu marido ou esposa, qual é influência que a beleza dele ou dela tem na hora da decisão? Em nossa sociedade, onde a beleza física é tão valorizada, como definimos os critérios para a escolha de um parceiro?
 
O assunto parece distante do campo da economia, mas os economistas comportamentais George Loewenstein e Dan Ariely decidiram realizar um estudo para compreender o peso que damos a atributos como beleza, gentileza, companheirismo ou humor quando o assunto é romance, para poderem compreender até que ponto usamos a adaptação a nosso favor.
 
Eles partiram de três hipóteses iniciais. Quando temos uma limitação física e estamos longe da definição clássica de beleza, existem três possíveis soluções: mudar a nossa percepção estética (“eu gosto de carecas”, por exemplo), reavaliar o nosso ranking de atributos (“beleza não é tão importante quanto um belo senso de humor”) ou não se adaptar (“eu não gosto de homens carecas e se não conseguir casar com um homem cabeludo, prefiro ficar sozinha”).
 
Para testar as três hipóteses, eles começaram com o site “Hot or Not”, uma versão prévia do app Tinder, no qual as pessoas podem dar notas para a beleza de seus pares. O interessante é que eles conseguiram ver as notas das pessoas que ranqueavam os outros como belos ou feios. Conseguiram, então, descobrir se um homem que era “nota 4” no site, por exemplo, via uma mulher com média 9 da mesma forma que os outros – ou seja: se ele adaptava sua visão estética dos outros por causa das suas limitações ou não.
 
Ao avaliar as notas que as pessoas se dão no site, Loewenstein e Ariely descobriram que não há um ajuste na percepção na hora de avaliar a beleza dos outros. Se um homem tinha uma média 8,5 no site, esta nota vinha de mulheres nota 10 e mulheres nota 5. Ou seja: o que é belo é visto como tal por todos.
 
No entanto, o estudo mostrou que isso não quer dizer que deixamos o nosso senso estético ditar a nossa vida amorosa. O site “Hot or Not” também tem uma função que permite convidar uma pessoa para sair e os pesquisadores avaliaram as “notas” das pessoas que chamavam os outros para um encontro. Eles conseguiram concluir que apesar de a sua “nota” não influenciar a sua percepção estética (continuo achando uma pessoa nota 10 como extremamente bela, apesar de ser uma nota 5), ela determina a sua escolha das pessoas que decide chamar para sair. Com esta avaliação, ficou claro: a hipótese de que preferimos ficar sozinhos também foi descartada.
 
Agora, restava a eles provar a hipótese dois: a de que reavaliamos os critérios que são importantes na hora de escolher um parceiro. Para isso, eles criaram uma versão própria do speed dating, aquele tipo de encontro onde diversos homens e mulheres se conhecem em uma série de encontros às cegas. O que eles descobriram?
 
As pessoas mais atraentes do grupo se preocupavam mais com a atratividade dos outros e escolhiam sair com elas, enquanto as pessoas menos atraentes olhavam mais para outras características (inteligência, senso de humor, gentileza). “Os dados sugerem que embora o nosso próprio nível de atratividade não mude o nosso gosto estético, ele afeta as nossas prioridades. De forma mais simples, pessoas menos atraentes aprendem a ver atributos não físicos como mais importantes”, explica Ariely.
 
Ou seja: mesmo em uma sociedade vaidosa, aprendemos a nos adaptar à nossa própria beleza (ou à falta dela) na hora de escolher um parceiro. Em tempos de selfies e Tinder, ao valorizarmos atributos como inteligência ou senso de humor, aumentamos as chances da nossa própria felicidade.
 
Post em parceria com a jornalista Carolina Ruhman Sandler

Fonte: G1 - 20/09/2016

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