<
Voltar para notícias
1709
pessoas já leram essa notícia
Nosso código moral enfraquece à medida que nos afastamos do dinheiro
Publicado em 05/09/2016 , por Samy Dana
Um trecho da minissérie "Justiça" chamou minha atenção recentemente. Na trama, a personagem da atriz Débora Bloch questionava um grupo de estudantes que hostilizava um aluno que havia divulgado um vídeo em que uma colega de sala fazia sexo. "Ele foi um machista, mas quantos de vocês compartilharam o vídeo com outras pessoas?". O erro de quem divulgou o vídeo é claro, mas como fica a consciência de quem ajuda a espalhar o que foi feito de errado? A problematização sobre as flexibilizações do código moral de cada um me remeteu a um comportamento semelhante com dinheiro.
Para mostrar a forma como funcionam essas distorções, o psicólogo econômico Dan Ariely fez um experimento no alojamento estudantil do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Sem o conhecimento dos estudantes, o cientista espalhou em algumas geladeiras pacotes de seis latas de refrigerante, enquanto em outras guardou pratos com seis notas de um dólar em cada. Em três dias, todos os refrigerantes haviam sido consumidos, mas o dinheiro permaneceu intocado.
Todos tiveram a oportunidade de pegar o dinheiro, ir até a cantina e comprar o refrigerante, mas ninguém o fez. A experiência sugeria que a trapaça ficava mais fácil de ser cometida conforme a pessoa se distanciasse do dinheiro em espécie, ainda que essa distância fosse curta. Para aprimorar os resultados, ele resolveu realizar uma experiência mais elaborada.
Dois grupos de estudantes recebiam a tarefa de acertar o maior número possível de matrizes matemáticas em 10 minutos, sendo que eram pagos por cada acerto. Ao final do tempo, ambos tinham a oportunidade de trapacear: trituravam a planilha de respostas e diziam aos aplicadores da prova quantas questões haviam acertado. No entanto, uma condição era diferente entre os dois grupos: o primeiro tinha a opção de pedir a recompensa em dinheiro de imediato, enquanto o segundo recebia a recompensa em fichas, que posteriormente eram trocadas por dinheiro.
A grande surpresa foi que o grupo das fichas trapaceou duas vezes mais em relação ao outro. Ainda que a ficha funcionasse apenas como um intermediário para o dinheiro, isso era suficiente para deixar as pessoas duas vezes mais susceptíveis a mexer em seus padrões morais.
Tomando por base as experiências, Ariely faz uma ponte para o mundo real com um interessante questionamento: em um mundo em que estamos cada vez mais distantes do dinheiro em espécie, ao passo em que nos tornamos mais íntimos das transações online e das compras em débito e crédito, como mensurar nossos padrões morais? Por esse viés, pode ser tão fácil deixar de avisar ao caixa do supermercado que ele esqueceu de cobrar por um produto do carrinho, quanto você mesmo ser trapaceado com taxas e tarifas invisíveis de produtos financeiros.
Um alento para essas constatações veio de mais uma experiência, dessa vez feita com estudantes da Universidade da Califórnia (UCLA). Dois grupos foram submetidos ao mesmo experimento das matrizes matemáticas. No entanto, antes do início da atividade, o primeiro era orientado a tentar se lembrar dos 10 mandamentos bíblicos, enquanto o segundo deveria tentar se lembrar de 10 livros lidos no ensino médio. O segundo grupo trapaceou um pouco, enquanto o primeiro não trapaceou de forma alguma. A menção a um código moral, de certa forma, influenciou a conduta dos participantes de um modo positivo. E esse elemento não necessariamente precisa ser os mandamentos bíblicos, a recordação de bons valores repassados por familiares ou educadores pode funcionar da mesma forma.
Vale então pensar sobre a moralidade em nossas vidas de um modo mais profundo. Sua régua moral funciona para contestar as tarifas invisíveis dos bancos, mas a mesma medida é usada na hora em que percebe que foi cobrado a menos no supermercado? A intenção aqui não é colocar a humanidade como um monstro imoral, mas é válido o alerta de que devemos lembrar de nossos códigos
Para mostrar a forma como funcionam essas distorções, o psicólogo econômico Dan Ariely fez um experimento no alojamento estudantil do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Sem o conhecimento dos estudantes, o cientista espalhou em algumas geladeiras pacotes de seis latas de refrigerante, enquanto em outras guardou pratos com seis notas de um dólar em cada. Em três dias, todos os refrigerantes haviam sido consumidos, mas o dinheiro permaneceu intocado.
Todos tiveram a oportunidade de pegar o dinheiro, ir até a cantina e comprar o refrigerante, mas ninguém o fez. A experiência sugeria que a trapaça ficava mais fácil de ser cometida conforme a pessoa se distanciasse do dinheiro em espécie, ainda que essa distância fosse curta. Para aprimorar os resultados, ele resolveu realizar uma experiência mais elaborada.
Dois grupos de estudantes recebiam a tarefa de acertar o maior número possível de matrizes matemáticas em 10 minutos, sendo que eram pagos por cada acerto. Ao final do tempo, ambos tinham a oportunidade de trapacear: trituravam a planilha de respostas e diziam aos aplicadores da prova quantas questões haviam acertado. No entanto, uma condição era diferente entre os dois grupos: o primeiro tinha a opção de pedir a recompensa em dinheiro de imediato, enquanto o segundo recebia a recompensa em fichas, que posteriormente eram trocadas por dinheiro.
A grande surpresa foi que o grupo das fichas trapaceou duas vezes mais em relação ao outro. Ainda que a ficha funcionasse apenas como um intermediário para o dinheiro, isso era suficiente para deixar as pessoas duas vezes mais susceptíveis a mexer em seus padrões morais.
Tomando por base as experiências, Ariely faz uma ponte para o mundo real com um interessante questionamento: em um mundo em que estamos cada vez mais distantes do dinheiro em espécie, ao passo em que nos tornamos mais íntimos das transações online e das compras em débito e crédito, como mensurar nossos padrões morais? Por esse viés, pode ser tão fácil deixar de avisar ao caixa do supermercado que ele esqueceu de cobrar por um produto do carrinho, quanto você mesmo ser trapaceado com taxas e tarifas invisíveis de produtos financeiros.
Um alento para essas constatações veio de mais uma experiência, dessa vez feita com estudantes da Universidade da Califórnia (UCLA). Dois grupos foram submetidos ao mesmo experimento das matrizes matemáticas. No entanto, antes do início da atividade, o primeiro era orientado a tentar se lembrar dos 10 mandamentos bíblicos, enquanto o segundo deveria tentar se lembrar de 10 livros lidos no ensino médio. O segundo grupo trapaceou um pouco, enquanto o primeiro não trapaceou de forma alguma. A menção a um código moral, de certa forma, influenciou a conduta dos participantes de um modo positivo. E esse elemento não necessariamente precisa ser os mandamentos bíblicos, a recordação de bons valores repassados por familiares ou educadores pode funcionar da mesma forma.
Vale então pensar sobre a moralidade em nossas vidas de um modo mais profundo. Sua régua moral funciona para contestar as tarifas invisíveis dos bancos, mas a mesma medida é usada na hora em que percebe que foi cobrado a menos no supermercado? A intenção aqui não é colocar a humanidade como um monstro imoral, mas é válido o alerta de que devemos lembrar de nossos códigos
Fonte: G1 - 03/09/2016
1709
pessoas já leram essa notícia
Notícias
- 27/11/2024 68,1 milhões de consumidores estavam inadimplentes em outubro
- Inflação já é uma realidade
- Bancos pressionam governo por revisão do teto de juros do empréstimo consignado do INSS
- Black Friday 2024: veja quais são os direitos do consumidor para a data
- Gastos do Bolsa Família aumentaram 47,1% em 2023, aponta IBGE
- TJDFT mantém indenização por cobranças indevidas e assédio telefônico a consumidor
- Um em cada três proprietários de imóveis enfrenta dificuldades para definir preço de venda ou aluguel
Perguntas e Respostas
- Quanto tempo o nome fica cadastrado no SPC, SERASA e SCPC?
- A consulta ao SPC, SERASA ou SCPC é gratuita?
- Saiba quais os bens não podem ser penhorados para pagar dívidas
- Após quantos dias de atraso o credor pode inserir o nome do consumidor no SPC ou SERASA?
- Protesto de dívida prescrita é ilegal e dá direito a indenização por danos morais
- Como consultar SPC, SERASA ou SCPC?
- ACORDO - Em caso de acordo, após o pagamento da primeira parcela o credor é obrigado a tirar o nome do devedor dos cadastros de SPC e SERASA ou pode mantê-lo cadastrado até o pagamento da última parcela?
- CHEQUE – Não encontro à pessoa para qual passei um cheque que voltou por falta de fundos. O que posso fazer para pagar este cheque e regularizar minha situação?
- Problemas com dívidas? Dicas para você não entrar em desespero
- PROTESTO - Qual o prazo para o protesto de um cheque, nota promissória ou duplicata? O protesto renova o prazo de prescrição ou de inscrição no SPC e SERASA?
- O que o consumidor pode fazer quando seu nome continua incluído na SERASA ou no SPC após o pagamento de uma dívida ou depois de 5 anos?
- Cartão de Crédito: Procedimentos em caso de perda, roubo ou clonagem
- Posso ser preso por dívidas ?
- SPC e SERASA, como saber se seu nome está inscrito?
- Acordo – Paga a primeira parcela nome deve ser excluído dos cadastros negativos (SPC, SERASA, etc)