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Queda da renda familiar é ameaça ao avanço da escolaridade no país
Publicado em 02/08/2016 , por Érica Fraga
A necessidade de trabalhar adiou os planos de formatura de Lucas Tavares, 21, que cursa economia na UFRJ. Por causa da recessão, a empresa onde ele estagiava fechou, e a renda de seu pai —que trabalha como vendedor autônomo e o ajudava— caiu.
"Tenho gastos para estudar e uma filha pequena. Não teve jeito. Precisei arrumar um emprego."
Com a mudança, ele trocou o curso diurno pelo noturno, passou a trabalhar entre oito e nove horas por dia como vendedor de seguros e suas notas na graduação caíram um pouco. O término da faculdade, que ocorreria neste ano, ficou para o fim de 2017.
"Antes eu planejava meu estágio em função da faculdade. Agora, planejo a faculdade em função do trabalho", diz.
Os rumos educacionais de jovens como Tavares são influenciados pela renda de suas famílias. Por isso, a recessão atual é ameaça à continuação do avanço da escolaridade no país.
Um sinal desse risco é a recente reversão na tendência de queda do número de jovens que trabalham ou buscam emprego, a taxa de participação.
Depois de cair nos últimos anos, esse indicador para os jovens de 14 a 17 anos subiu de 20% no terceiro trimestre de 2014 para 21% entre janeiro e março deste ano. Na faixa etária de 18 a 24 anos, aumentou de 67,4% para 68,5% entre o último trimestre de 2014 e o primeiro de 2016.
"O risco é que a expectativa de maior escolaridade desses jovens, que se concentram nas camadas mais pobres, seja frustrada. Isto seria um sério problema para sua inserção no mercado de trabalho", diz o economista Naércio Menezes Filho, do Insper.
Em estudo com Pedro Cabanas e Bruno Komatsu, Menezes Filho concluiu que um aumento de R$ 200 para R$ 500 na renda dos adultos de um domicílio eleva em quase três pontos percentuais a chance de que os filhos se dediquem exclusivamente à escola.
Outro estudo de 2007 dos economistas Suzanne Duryea (Banco Interamericano de Desenvolvimento), David Lam (Universidade de Michigan) e Deborah Levison (Universidade de Minesota) concluiu que o desemprego repentino do pai elevava de 11,7% para 18,5% o percentual de jovens de 15 e 16 anos que começavam a trabalhar em um período de quatro meses. Já a fatia dos que eram reprovados na escola saltava de 30,5% para 37,3%.
Ainda que não precise trabalhar fora, o jovem pode ser afetado negativamente pelo maior estresse ou pela necessidade de ajudar em casa.
"O nível educacional do Brasil ainda está atrás de muitos países de renda média. Se não houver progresso continuado no aumento da quantidade e da qualidade da educação, o crescimento econômico e a redução da pobreza e da desigualdade serão mais lentos", afirma David Lam.
No caso de estudantes do ensino superior, a crise levou o governo a reduzir seus programas de financiamento estudantil.
"Deveria ser o contrário. Já que não há emprego, o governo deveria incentivar a formação desses jovens", diz Frei David Santos, diretor da ONG Educafro.
"Tenho gastos para estudar e uma filha pequena. Não teve jeito. Precisei arrumar um emprego."
Com a mudança, ele trocou o curso diurno pelo noturno, passou a trabalhar entre oito e nove horas por dia como vendedor de seguros e suas notas na graduação caíram um pouco. O término da faculdade, que ocorreria neste ano, ficou para o fim de 2017.
"Antes eu planejava meu estágio em função da faculdade. Agora, planejo a faculdade em função do trabalho", diz.
Os rumos educacionais de jovens como Tavares são influenciados pela renda de suas famílias. Por isso, a recessão atual é ameaça à continuação do avanço da escolaridade no país.
Um sinal desse risco é a recente reversão na tendência de queda do número de jovens que trabalham ou buscam emprego, a taxa de participação.
Depois de cair nos últimos anos, esse indicador para os jovens de 14 a 17 anos subiu de 20% no terceiro trimestre de 2014 para 21% entre janeiro e março deste ano. Na faixa etária de 18 a 24 anos, aumentou de 67,4% para 68,5% entre o último trimestre de 2014 e o primeiro de 2016.
"O risco é que a expectativa de maior escolaridade desses jovens, que se concentram nas camadas mais pobres, seja frustrada. Isto seria um sério problema para sua inserção no mercado de trabalho", diz o economista Naércio Menezes Filho, do Insper.
Em estudo com Pedro Cabanas e Bruno Komatsu, Menezes Filho concluiu que um aumento de R$ 200 para R$ 500 na renda dos adultos de um domicílio eleva em quase três pontos percentuais a chance de que os filhos se dediquem exclusivamente à escola.
Outro estudo de 2007 dos economistas Suzanne Duryea (Banco Interamericano de Desenvolvimento), David Lam (Universidade de Michigan) e Deborah Levison (Universidade de Minesota) concluiu que o desemprego repentino do pai elevava de 11,7% para 18,5% o percentual de jovens de 15 e 16 anos que começavam a trabalhar em um período de quatro meses. Já a fatia dos que eram reprovados na escola saltava de 30,5% para 37,3%.
Ainda que não precise trabalhar fora, o jovem pode ser afetado negativamente pelo maior estresse ou pela necessidade de ajudar em casa.
"O nível educacional do Brasil ainda está atrás de muitos países de renda média. Se não houver progresso continuado no aumento da quantidade e da qualidade da educação, o crescimento econômico e a redução da pobreza e da desigualdade serão mais lentos", afirma David Lam.
No caso de estudantes do ensino superior, a crise levou o governo a reduzir seus programas de financiamento estudantil.
"Deveria ser o contrário. Já que não há emprego, o governo deveria incentivar a formação desses jovens", diz Frei David Santos, diretor da ONG Educafro.
Fonte: Folha Online - 01/08/2016
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