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Economistas veem sinais de saída do fundo do poço
Publicado em 30/05/2016 , por MARIANA CARNEIRO e ÉRICA FRAGA
Depois de dois anos em queda, a economia brasileira está caminhando para o início de uma estabilização. Dados recentes indicam que uma recuperação embrionária está em curso e poderá levar a uma retomada mais rápida do que o esperado.
A mudança de marcha não foi efeito apenas da troca de governo, mas de ajustes feitos ainda pela administração de Dilma Rousseff, sob a tesoura do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy em 2015.
As correções feitas até agora, porém, ainda são modestas e só levarão a uma recuperação sustentável se a administração interina de Michel Temer conseguir aprovar medidas para estancar a sangria nas contas públicas.
"O Temer herdou de Dilma 2 uma economia melhor do que Dilma 2 herdou de Dilma 1", afirma Caio Megale, economista do Itaú Unibanco.
Dados recentes, como a melhora no número de emplacamentos de carros, a estabilização do nível de estoques de bens duráveis (como carros e eletrodomésticos) e da produção de máquinas e equipamentos mostram que a economia está perto do fundo do poço, dizem analistas.
"Em abril, pela primeira vez em dois anos, faltaram carros para entregar", observa Megale.
Na última semana, na esteira do afastamento de Dilma Rousseff, pesquisas com consumidores e empresários mostraram significativa melhora da confiança, embora esta se mantenha em nível baixo. A principal contribuição veio de uma perspectiva mais otimista sobre o futuro da economia.
Bancos brasileiros e estrangeiros já preveem que, se o quadro político não atrapalhar, a estabilização poderá ocorrer entre este segundo trimestre e o fim do ano.
Um dos mais otimistas, o Bradesco revisou recentemente sua projeção para o PIB do segundo trimestre de uma contração de 0,5% para -0,1%. "Não é pouca coisa", afirma Igor Velecico, economista do banco.
Segundo ele, a próxima etapa após a consolidação da estabilização será o início de uma retomada da economia.
INÍCIO DO AJUSTE
De acordo com analistas, dentre as mudanças ocorridas em 2015 na política econômica, uma das que mais tiveram impacto na melhora incipiente de alguns indicadores foi a correção de preços que estavam distorcidos.
Os preços administrados —como tarifa de energia e valor da gasolina— eram mantidos baixos artificialmente. Isso afetava negativamente o balanço das empresas desses setores e alimentava expectativas de que a inflação ainda subiria muito.
Quando se espera que a inflação vai aumentar, ela acaba subindo de fato porque os preços começam a ser ajustados preventivamente.
Com as correções feitas em 2015, as expectativas começaram a recuar. O aumento de juros pelo BC, a partir de 2013, também contribuiu.
Houve ainda forte depreciação do real que contribuiu para uma expressiva redução das importações e alguma recuperação das exportações.
Apesar dessas mudanças positivas, forças importantes ainda puxam a economia para baixo. Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullett Prebon, ressalta que o ajuste fiscal que o governo precisa fazer terá significativo impacto negativo sobre a demanda do setor público.
Isso significa que uma recuperação terá de ser puxada por consumidores e empresas, que continuam muito endividados.
Mas, segundo Montero e outros analistas, a arrumação das contas públicas contribuirá para o processo já iniciado de queda da inflação, abrindo caminho para cortes de juros que poderão ajudar a estimular a economia.
Como os estoques das empresas finalmente pararam de subir e há um vasto contingente de desempregados, qualquer recuperação tímida da demanda poderá levar a uma retomada da produção.
A mudança de marcha não foi efeito apenas da troca de governo, mas de ajustes feitos ainda pela administração de Dilma Rousseff, sob a tesoura do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy em 2015.
As correções feitas até agora, porém, ainda são modestas e só levarão a uma recuperação sustentável se a administração interina de Michel Temer conseguir aprovar medidas para estancar a sangria nas contas públicas.
"O Temer herdou de Dilma 2 uma economia melhor do que Dilma 2 herdou de Dilma 1", afirma Caio Megale, economista do Itaú Unibanco.
Dados recentes, como a melhora no número de emplacamentos de carros, a estabilização do nível de estoques de bens duráveis (como carros e eletrodomésticos) e da produção de máquinas e equipamentos mostram que a economia está perto do fundo do poço, dizem analistas.
"Em abril, pela primeira vez em dois anos, faltaram carros para entregar", observa Megale.
Na última semana, na esteira do afastamento de Dilma Rousseff, pesquisas com consumidores e empresários mostraram significativa melhora da confiança, embora esta se mantenha em nível baixo. A principal contribuição veio de uma perspectiva mais otimista sobre o futuro da economia.
Bancos brasileiros e estrangeiros já preveem que, se o quadro político não atrapalhar, a estabilização poderá ocorrer entre este segundo trimestre e o fim do ano.
Um dos mais otimistas, o Bradesco revisou recentemente sua projeção para o PIB do segundo trimestre de uma contração de 0,5% para -0,1%. "Não é pouca coisa", afirma Igor Velecico, economista do banco.
Segundo ele, a próxima etapa após a consolidação da estabilização será o início de uma retomada da economia.
INÍCIO DO AJUSTE
De acordo com analistas, dentre as mudanças ocorridas em 2015 na política econômica, uma das que mais tiveram impacto na melhora incipiente de alguns indicadores foi a correção de preços que estavam distorcidos.
Os preços administrados —como tarifa de energia e valor da gasolina— eram mantidos baixos artificialmente. Isso afetava negativamente o balanço das empresas desses setores e alimentava expectativas de que a inflação ainda subiria muito.
Quando se espera que a inflação vai aumentar, ela acaba subindo de fato porque os preços começam a ser ajustados preventivamente.
Com as correções feitas em 2015, as expectativas começaram a recuar. O aumento de juros pelo BC, a partir de 2013, também contribuiu.
Houve ainda forte depreciação do real que contribuiu para uma expressiva redução das importações e alguma recuperação das exportações.
Apesar dessas mudanças positivas, forças importantes ainda puxam a economia para baixo. Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullett Prebon, ressalta que o ajuste fiscal que o governo precisa fazer terá significativo impacto negativo sobre a demanda do setor público.
Isso significa que uma recuperação terá de ser puxada por consumidores e empresas, que continuam muito endividados.
Mas, segundo Montero e outros analistas, a arrumação das contas públicas contribuirá para o processo já iniciado de queda da inflação, abrindo caminho para cortes de juros que poderão ajudar a estimular a economia.
Como os estoques das empresas finalmente pararam de subir e há um vasto contingente de desempregados, qualquer recuperação tímida da demanda poderá levar a uma retomada da produção.
Fonte: Folha Online - 29/05/2016
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