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Queda do dólar ameaça uma das poucas notícias boas na economia
Publicado em 27/04/2016 , por MARIANA CARNEIRO
A recente queda do dólar, provocada pela perspectiva de impeachment da presidente Dilma Rousseff, pode colocar em risco uma das poucas tendências positivas em curso na economia: o ajuste das contas externas do país.
Depois de atingir mais de 4% do PIB no ano passado, o deficit externo vem encolhendo, principalmente devido ao recuo das importações.
A recessão derrubou a renda doméstica, o que deprime o consumo interno e as compras no exterior. A alta do dólar até perto de R$ 4 desencorajou despesas com importados. Assim, no mês passado, o deficit já havia recuado à metade (2,39% do PIB).
Por outro lado, o dólar mais caro animou exportadores. O maior volume embarcado compensou, ao menos parcialmente, a queda do preço dos produtos que o Brasil mais exporta (commodities).
Com isso, estima-se que a balança comercial chegue ao fim do ano com resultado positivo de US$ 48 bilhões.
Essa história, porém, está ficando no retrovisor, com a recente descida do dólar. A projeção dos analistas para o fim do ano caiu de R$ 4,40, em fevereiro, para R$ 3,80.
A probabilidade de impeachment levou investidores a reverem estimativas e, não fosse a atuação do BC para segurar a queda, a cotação poderia estar ainda mais baixa. Para o exportador, isso significa perda da competitividade que havia sido readquirida em 2015.
Em setembro do ano passado, o indicador que mede esse ganho na capacidade de competir –a taxa de câmbio real efetiva– havia alcançado o mais elevado patamar desde outubro de 2004.
De lá para cá, porém, esse ganho encolheu quase 9%.
VOLATILIDADE
"Imagina se eu defino um preço com um comprador no exterior e, na hora de entregar, o câmbio cai 10%. Eu vou ligar para ele e dizer que preciso corrigir o preço em 10%? Não podemos viver com tanta volatilidade", afirma Humberto Barbato, empresário do setor elétrico e presidente da Abinee (associação de empresas de eletro-eletrônicos).
Segundo ele, para o exportador industrial, o nível favorável do dólar atualmente estaria entre R$ 3,80 e R$ 4.
Segundo o economista Nathan Blanche, da consultoria Tendências, a taxa de câmbio que não afetaria o ajuste das contas externas, estaria entre R$ 3,90 e R$ 3,95.
O economista Fábio Silveira, da consultoria GO Associados, afirma que, se o dólar se firmar entre R$ 3,20 e R$ 3,30, as importações voltarão a crescer e as exportações ficarão menos atrativas.
"Seria mais um erro de política econômica. O relativo dinamismo do agronegócio, que está impedindo que o PIB caia mais, vai desaparecer."
José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação que reúne empresas exportadores e importadoras), diz que o BC está tentando moderar este movimento de baixa, mas há dúvidas sobre seu "poder de fogo" caso a tendência de queda do dólar se consolide no mercado.
O economista Bruno Lavieri, da consultoria 4E, porém, prevê que a recente queda do dólar vai se reverter até o fim do ano. Sua estimativa é que o dólar suba para R$ 3,75.
"Os preços das exportações seguem em baixa e o problema fiscal não se resolve no curto prazo. A percepção de risco caiu, mas cedo ou tarde o mercado vai perceber que a situação é mais delicada do que parece", diz.
Depois de atingir mais de 4% do PIB no ano passado, o deficit externo vem encolhendo, principalmente devido ao recuo das importações.
A recessão derrubou a renda doméstica, o que deprime o consumo interno e as compras no exterior. A alta do dólar até perto de R$ 4 desencorajou despesas com importados. Assim, no mês passado, o deficit já havia recuado à metade (2,39% do PIB).
Por outro lado, o dólar mais caro animou exportadores. O maior volume embarcado compensou, ao menos parcialmente, a queda do preço dos produtos que o Brasil mais exporta (commodities).
Com isso, estima-se que a balança comercial chegue ao fim do ano com resultado positivo de US$ 48 bilhões.
Essa história, porém, está ficando no retrovisor, com a recente descida do dólar. A projeção dos analistas para o fim do ano caiu de R$ 4,40, em fevereiro, para R$ 3,80.
A probabilidade de impeachment levou investidores a reverem estimativas e, não fosse a atuação do BC para segurar a queda, a cotação poderia estar ainda mais baixa. Para o exportador, isso significa perda da competitividade que havia sido readquirida em 2015.
Em setembro do ano passado, o indicador que mede esse ganho na capacidade de competir –a taxa de câmbio real efetiva– havia alcançado o mais elevado patamar desde outubro de 2004.
De lá para cá, porém, esse ganho encolheu quase 9%.
VOLATILIDADE
"Imagina se eu defino um preço com um comprador no exterior e, na hora de entregar, o câmbio cai 10%. Eu vou ligar para ele e dizer que preciso corrigir o preço em 10%? Não podemos viver com tanta volatilidade", afirma Humberto Barbato, empresário do setor elétrico e presidente da Abinee (associação de empresas de eletro-eletrônicos).
Segundo ele, para o exportador industrial, o nível favorável do dólar atualmente estaria entre R$ 3,80 e R$ 4.
Segundo o economista Nathan Blanche, da consultoria Tendências, a taxa de câmbio que não afetaria o ajuste das contas externas, estaria entre R$ 3,90 e R$ 3,95.
O economista Fábio Silveira, da consultoria GO Associados, afirma que, se o dólar se firmar entre R$ 3,20 e R$ 3,30, as importações voltarão a crescer e as exportações ficarão menos atrativas.
"Seria mais um erro de política econômica. O relativo dinamismo do agronegócio, que está impedindo que o PIB caia mais, vai desaparecer."
José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação que reúne empresas exportadores e importadoras), diz que o BC está tentando moderar este movimento de baixa, mas há dúvidas sobre seu "poder de fogo" caso a tendência de queda do dólar se consolide no mercado.
O economista Bruno Lavieri, da consultoria 4E, porém, prevê que a recente queda do dólar vai se reverter até o fim do ano. Sua estimativa é que o dólar suba para R$ 3,75.
"Os preços das exportações seguem em baixa e o problema fiscal não se resolve no curto prazo. A percepção de risco caiu, mas cedo ou tarde o mercado vai perceber que a situação é mais delicada do que parece", diz.
Fonte: Folha Online - 26/04/2016
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