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Economia doméstica irá sentir mais a queda do PIB brasileiro
Publicado em 18/02/2016 , por MARIANA CARNEIRO
Economistas preveem que o PIB do Brasil vá encolher mais de 7% em 2015 e 2016. Pode ser pior? Pode.
A "sensação térmica" desse congelamento do país é ainda mais grave para o público doméstico, que assiste ao desmoronamento do consumo e do investimento.
Noutras palavras, se o PIB cai, a queda é ainda mais acentuada nos segmentos que dependem do mercado interno e do emprego: o consumo das famílias e do governo e os investimentos.
Nas contas do Itaú Unibanco, o PIB, ou a temperatura oficial medida pelo IBGE, deve cair quase 4% neste ano. A sensação térmica será pior: queda de 5,3%, prevê o economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn.
"Quem está olhando para o mercado doméstico verá uma queda maior do que a do PIB", diz.
Desde 2003 não se via nada parecido. Até então –e mesmo no auge da crise dos EUA, em 2009–, o PIB podia até sofrer, mas a demanda doméstica seguia robusta.
Em 2009, enquanto o PIB encolheu 0,1%, o consumo e os investimentos internos, somados, cresceram quase 3%.
"Muitos chamaram de ′marolinha′ a crise de 2009, e para muita gente foi isso mesmo", diz a economista Silvia Matos, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV.
Ela se refere à expressão criada pelo ex-presidente Lula para falar da crise econômica de então.
Isso só foi possível devido ao aumento do consumo ao longo da década, amparado na ampliação do crédito e no bom desempenho do mercado de trabalho.
Desde o ano passado, porém, o desemprego voltou a aumentar, situação que deve piorar neste ano.
Segundo Silvia, a taxa de desemprego medido pela Pnad Contínua deve ter fechado 2015 ao redor de 9%. Subirá para 12% neste ano, segundo suas previsões.
"Tudo conspira para a queda do consumo das famílias."
Silvia estima que 2016 deverá ser o pior ano para o emprego na atual crise econômica, que nos cálculos de Goldfajn deve bater no fundo do poço no primeiro trimestre deste ano. O Itaú, no entanto, prevê piora adicional do desemprego em 2017.
"Não temos certeza de que a economia vá parar de cair, mas esperamos uma relativa estabilidade a partir do segundo semestre", diz Silvia.
A queda nas vendas do varejo no ano passado, divulgada nesta terça (16) pelo IBGE, comprova que o consumo de fato se deprimiu. Já no setor de serviços, diz Silvia, a queda começou a ser sentida em meados de 2015.
"As pessoas começaram a apertar as compras de bens duráveis [como geladeira, carro] em 2014, a última etapa do corte foram os serviços. Não é fácil mudar a escola do filho, por exemplo", diz.
O pior sinal, para a economista, é que esse recuo do consumo seja acompanhado de uma queda também acentuada dos investimentos, o que reduz a capacidade de crescer do Brasil no futuro.
"O ajuste do consumo é dolorido, mas é como regime, fecha-se a boca por um tempo. O problema são os investimentos, que reduzem o potencial da economia. E é o terceiro ano seguido de queda".
SETOR EXTERNO
Goldfajn observa que a única contribuição positiva que ele enxerga para o PIB, tanto em 2015 quanto neste ano, vem do setor externo.
Apesar do baixo crescimento lá fora e do pânico nos mercados globais, algumas empresas ganharam confiança para voltar ao mercado externo com a alta do dólar.
A recessão doméstica também abateu as importações, e a expectativa é que o deficit do país no exterior chegue a zero ao fim do ano que vem.
O respiro, mesmo que com componente negativo da recessão, pode ajudar o Banco Central a reduzir a taxa de juros e estimular a economia.
A "sensação térmica" desse congelamento do país é ainda mais grave para o público doméstico, que assiste ao desmoronamento do consumo e do investimento.
Noutras palavras, se o PIB cai, a queda é ainda mais acentuada nos segmentos que dependem do mercado interno e do emprego: o consumo das famílias e do governo e os investimentos.
Nas contas do Itaú Unibanco, o PIB, ou a temperatura oficial medida pelo IBGE, deve cair quase 4% neste ano. A sensação térmica será pior: queda de 5,3%, prevê o economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn.
"Quem está olhando para o mercado doméstico verá uma queda maior do que a do PIB", diz.
Desde 2003 não se via nada parecido. Até então –e mesmo no auge da crise dos EUA, em 2009–, o PIB podia até sofrer, mas a demanda doméstica seguia robusta.
Em 2009, enquanto o PIB encolheu 0,1%, o consumo e os investimentos internos, somados, cresceram quase 3%.
"Muitos chamaram de ′marolinha′ a crise de 2009, e para muita gente foi isso mesmo", diz a economista Silvia Matos, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV.
Ela se refere à expressão criada pelo ex-presidente Lula para falar da crise econômica de então.
Isso só foi possível devido ao aumento do consumo ao longo da década, amparado na ampliação do crédito e no bom desempenho do mercado de trabalho.
Desde o ano passado, porém, o desemprego voltou a aumentar, situação que deve piorar neste ano.
Segundo Silvia, a taxa de desemprego medido pela Pnad Contínua deve ter fechado 2015 ao redor de 9%. Subirá para 12% neste ano, segundo suas previsões.
"Tudo conspira para a queda do consumo das famílias."
Silvia estima que 2016 deverá ser o pior ano para o emprego na atual crise econômica, que nos cálculos de Goldfajn deve bater no fundo do poço no primeiro trimestre deste ano. O Itaú, no entanto, prevê piora adicional do desemprego em 2017.
"Não temos certeza de que a economia vá parar de cair, mas esperamos uma relativa estabilidade a partir do segundo semestre", diz Silvia.
A queda nas vendas do varejo no ano passado, divulgada nesta terça (16) pelo IBGE, comprova que o consumo de fato se deprimiu. Já no setor de serviços, diz Silvia, a queda começou a ser sentida em meados de 2015.
"As pessoas começaram a apertar as compras de bens duráveis [como geladeira, carro] em 2014, a última etapa do corte foram os serviços. Não é fácil mudar a escola do filho, por exemplo", diz.
O pior sinal, para a economista, é que esse recuo do consumo seja acompanhado de uma queda também acentuada dos investimentos, o que reduz a capacidade de crescer do Brasil no futuro.
"O ajuste do consumo é dolorido, mas é como regime, fecha-se a boca por um tempo. O problema são os investimentos, que reduzem o potencial da economia. E é o terceiro ano seguido de queda".
SETOR EXTERNO
Goldfajn observa que a única contribuição positiva que ele enxerga para o PIB, tanto em 2015 quanto neste ano, vem do setor externo.
Apesar do baixo crescimento lá fora e do pânico nos mercados globais, algumas empresas ganharam confiança para voltar ao mercado externo com a alta do dólar.
A recessão doméstica também abateu as importações, e a expectativa é que o deficit do país no exterior chegue a zero ao fim do ano que vem.
O respiro, mesmo que com componente negativo da recessão, pode ajudar o Banco Central a reduzir a taxa de juros e estimular a economia.
Fonte: Folha Online - 17/02/2016
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