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Indústria cai 8,3% em 2015 e tem pior desempenho desde 2003
Publicado em 03/02/2016 , por BRUNO VILLAS BÔAS
Sob impacto da retração do setor automotivo, a produção da indústria brasileira teve queda de 8,3% no ano passado. Foi o pior desempenho da atual série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em 2003.
A antiga pesquisa de indústria —que tem metodologia diferente da atual e, por isso, não é mais usada— também nunca registrou queda dessa magnitude antes de 2002, segundo a consultoria Tendências. Esta série tem início em 1993.
O resultado veio melhor do que o centro das apostas de economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, que estimavam queda de 10,6% em 12 meses e estagnação na base mensal.
"Se voltarmos ainda mais no tempo, em outra série, vamos encontrar uma queda mais intensa em 1990. Mas era uma outra metodologia de pesquisa, com pesos diferentes dos produtos", disse André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do IBGE.
Em março de 1990, o Plano Collor confiscou a caderneta de poupança dos brasileiros para enfrentar uma inflação que rondava a casa dos 2.000%.
A indústria registra agora dois anos seguidos de queda. Em 2014, o setor havia encolhido 3%. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (2) pelo IBGE.
Além de intensa, a crise na indústria foi disseminada em 2015. Houve queda na produção em 25 dos 26 setores pesquisados pelo IBGE. Dos 805 produtos investigados, 78,3% tiveram baixa na produção no ano passado, segundo o instituto.
CRISE
Segundo Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a indústria foi afetada em 2015 pela perda de confiança das famílias brasileiras e dos empresários na economia.
"Há uma impressão de que os problemas só pioram. Isso faz os empresários não investirem. A famílias também consomem menos produtos, até porque os juros subiram, a renda real caiu, o emprego piorou", disse Cagnin.
Ele lembra que a redução dos investimentos da Petrobras afetou a indústria. O setor de construção civil também desacelerou com investigações da Operação Lava Jato sobre executivos de grandes empreiteiras.
Bem antes disso, a indústria brasileira já se ressentia de um real valorizado, o que reduzia sua competitividade em relação a produtos importados e também na briga por espaço no mercado internacional.
Pressionada, a produção da indústria fechou o ano no menor patamar desde janeiro de 2009, auge da crise iniciada no mercado hipotecário de alto risco dos EUA. Pulando essa momento agudo, é o menor patamar desde 2004.
SETORES
Das atividades acompanhadas pelo IBGE, o maior impacto na taxa geral da indústria veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (incluindo carros e caminhões), com uma queda de 25,9% na produção.
"O setor automotivo é muito influenciado pela confiança dos empresários e das famílias. Não é à toa que liderou as perdas do setor por mais um ano", disse Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.
Ao longo do ano, as montadoras apelaram para férias coletivas, lay-offs (afastamento temporário) e mesmo demissões de trabalhadores para tentar ajustar o ritmo de produção à desaceleração das vendas de veículos.
Também pesaram no resultado da indústria, considerando o peso de cada setor na taxa geral, as atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-30%), máquinas e equipamentos (-14,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,9%).
A crise foi tão dura que até mesmo a indústria de alimentos, que, em geral, resiste mais por produzir bens de primeira necessidade, teve perda 2,3% na produção no ano passado, segundo informou o IBGE nesta terça-feira.
Única alta da produção no ano foi o setor extrativo (como petróleo e minério de ferro), com aumento de 3,9% na produção. O desempenho do setor, contudo, estava em declínio no fim do ano por causa do rompimento da barragem de Mariana (MG).
O fraco desempenho da produção de caminhões ajudou na queda da categoria de bens de capital, que fechou 2015 com baixa de 25,5%. Os bens de capital são uma espécie de termômetro dos investimentos no país.
DEZEMBRO
Isoladamente no mês de dezembro, a produção da indústria brasileira teve uma queda de 0,7% em relação ao mês imediatamente anterior e de 11,9% contra o mesmo mês de 2014, segundo divulgou o IBGE nesta terça.
Com a economia em crise, a indústria tem cortado também o número de funcionários. Somente nas metrópoles foram 296 mil pessoas a menos ocupadas no setor, segundo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE.
Todo esse corte fez com que a ociosidade da indústria fechasse o ano em níveis recordes. Segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 38% das máquinas estavam desligadas em dezembro.
Por outro lado, a indústria conseguiu desta forma reduzir seu nível de estoque indesejados. Pelos dados da CNI, o nível era de 46,6 pontos em dezembro, o menor desde janeiro de 2011, início da série histórica da confederação.
A antiga pesquisa de indústria —que tem metodologia diferente da atual e, por isso, não é mais usada— também nunca registrou queda dessa magnitude antes de 2002, segundo a consultoria Tendências. Esta série tem início em 1993.
O resultado veio melhor do que o centro das apostas de economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, que estimavam queda de 10,6% em 12 meses e estagnação na base mensal.
"Se voltarmos ainda mais no tempo, em outra série, vamos encontrar uma queda mais intensa em 1990. Mas era uma outra metodologia de pesquisa, com pesos diferentes dos produtos", disse André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do IBGE.
Em março de 1990, o Plano Collor confiscou a caderneta de poupança dos brasileiros para enfrentar uma inflação que rondava a casa dos 2.000%.
A indústria registra agora dois anos seguidos de queda. Em 2014, o setor havia encolhido 3%. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (2) pelo IBGE.
Além de intensa, a crise na indústria foi disseminada em 2015. Houve queda na produção em 25 dos 26 setores pesquisados pelo IBGE. Dos 805 produtos investigados, 78,3% tiveram baixa na produção no ano passado, segundo o instituto.
CRISE
Segundo Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a indústria foi afetada em 2015 pela perda de confiança das famílias brasileiras e dos empresários na economia.
"Há uma impressão de que os problemas só pioram. Isso faz os empresários não investirem. A famílias também consomem menos produtos, até porque os juros subiram, a renda real caiu, o emprego piorou", disse Cagnin.
Ele lembra que a redução dos investimentos da Petrobras afetou a indústria. O setor de construção civil também desacelerou com investigações da Operação Lava Jato sobre executivos de grandes empreiteiras.
Bem antes disso, a indústria brasileira já se ressentia de um real valorizado, o que reduzia sua competitividade em relação a produtos importados e também na briga por espaço no mercado internacional.
Pressionada, a produção da indústria fechou o ano no menor patamar desde janeiro de 2009, auge da crise iniciada no mercado hipotecário de alto risco dos EUA. Pulando essa momento agudo, é o menor patamar desde 2004.
SETORES
Das atividades acompanhadas pelo IBGE, o maior impacto na taxa geral da indústria veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (incluindo carros e caminhões), com uma queda de 25,9% na produção.
"O setor automotivo é muito influenciado pela confiança dos empresários e das famílias. Não é à toa que liderou as perdas do setor por mais um ano", disse Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.
Ao longo do ano, as montadoras apelaram para férias coletivas, lay-offs (afastamento temporário) e mesmo demissões de trabalhadores para tentar ajustar o ritmo de produção à desaceleração das vendas de veículos.
Também pesaram no resultado da indústria, considerando o peso de cada setor na taxa geral, as atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-30%), máquinas e equipamentos (-14,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,9%).
A crise foi tão dura que até mesmo a indústria de alimentos, que, em geral, resiste mais por produzir bens de primeira necessidade, teve perda 2,3% na produção no ano passado, segundo informou o IBGE nesta terça-feira.
Única alta da produção no ano foi o setor extrativo (como petróleo e minério de ferro), com aumento de 3,9% na produção. O desempenho do setor, contudo, estava em declínio no fim do ano por causa do rompimento da barragem de Mariana (MG).
O fraco desempenho da produção de caminhões ajudou na queda da categoria de bens de capital, que fechou 2015 com baixa de 25,5%. Os bens de capital são uma espécie de termômetro dos investimentos no país.
DEZEMBRO
Isoladamente no mês de dezembro, a produção da indústria brasileira teve uma queda de 0,7% em relação ao mês imediatamente anterior e de 11,9% contra o mesmo mês de 2014, segundo divulgou o IBGE nesta terça.
Com a economia em crise, a indústria tem cortado também o número de funcionários. Somente nas metrópoles foram 296 mil pessoas a menos ocupadas no setor, segundo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE.
Todo esse corte fez com que a ociosidade da indústria fechasse o ano em níveis recordes. Segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 38% das máquinas estavam desligadas em dezembro.
Por outro lado, a indústria conseguiu desta forma reduzir seu nível de estoque indesejados. Pelos dados da CNI, o nível era de 46,6 pontos em dezembro, o menor desde janeiro de 2011, início da série histórica da confederação.
Fonte: Folha Online - 02/02/2016
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