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Crise faz o País regredir uma década
Publicado em 21/12/2015 , por RICARDO LEOPOLDO
Taxa de investimentos, motor da economia, deve sofrer retração de 12% neste ano e entre 5% e 10% no ano que vem, segundo economistas
A forte retração da atividade até o fim do próximo ano resultará num significativo retrocesso geral da economia brasileira. O conjunto de uma série de indicadores mostra que o País retornará ao nível de uma década atrás. A taxa de investimento como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, deverá alcançar 18% em 2015 e 17,5% em 2016, o que não era apurado desde 2006, quando atingiu 17,8%, conforme chama a atenção Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA.
Outro dado que mostra o amplo retrocesso são os índices de confiança de empresários e consumidores, que voltaram ao nível registrado em 1998/1999. A produção da indústria de transformação, por sua vez, retornou a patamares de 2005, enquanto o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci), medido pela FGV, deve atingir este ano 77% – muito abaixo da média de 83,8% registrada na década encerrada em 2014.
A recessão em que o País mergulhou em 2015 e continuará enfrentando em 2016 gera especialmente uma depressão dos investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo deverá apresentar neste ano uma queda ao redor de 12% e mais uma retração de 5% a 10% em 2016, de acordo com economistas. No acumulado de 2014-2016, ocorrerá uma queda de no mínimo de 21% da FBCF, tombo que, para alguns especialistas, pode ser ainda maior. Esses dados ajudam explicar a taxa de desemprego em alta e oscilando numa faixa entre 11% e 12% nos próximos 12 meses.
A crise política e econômica paralisou o governo e inviabilizou a aprovação pelo Congresso de várias medidas de ajuste fiscal, o que, na prática, é a principal razão da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Outros fatos, como o forte corte de investimentos da Petrobrás, também colaboram para a recessão da economia e depressão da FBCF. A estatal, envolvida em investigações no âmbito da Lava Jato e com um endividamento bruto que chegou a passar de R$ 500 bilhões, reduziu o plano de negócios de US$ 220,6 bilhões de 2014-2018 para US$ 130,3 bilhões no período 2015-2019. A adequação do plano praticamente parou as atividades de grandes empreiteiras.
A expectativa é de que os investimentos públicos exceto os realizados por estatais – item que representa perto de um quinto de toda a FBCF – cairão cerca de 40% neste ano em termos reais. Para 2016, estima-se uma queda por volta de 10%.
Aperto. Condições monetárias mais apertadas, com elevação dos juros pelo BC e redução da concessão de crédito pelos bancos, também fazem parte dessa conjuntura negativa, segundo Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados. De outubro de 2014 até julho, o Copom elevou a Selic em 3,25 pontos porcentuais, para os atuais 14,25% ao ano.
Os economistas entendem que, se o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se arrastar até meados do ano que vem, a atividade, os investimentos e o consumo continuarão no processo de regressão até o terceiro trimestre de 2016. Alguma leve melhora das compras das famílias e dos investimentos só deverá ocorrer nos últimos três meses de 2016, diz Rodolfo Morgado, economista do banco Santander. Para ele, os investimentos deverão cair 5% em 2016, depois de terem recuado 14% em 2015: “Se os investimentos ficassem estáveis no ano que vem, atenuaria a recessão, pois o PIB, em vez de cair 2%, recuaria 1% em 2016.”
A forte retração da atividade até o fim do próximo ano resultará num significativo retrocesso geral da economia brasileira. O conjunto de uma série de indicadores mostra que o País retornará ao nível de uma década atrás. A taxa de investimento como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, deverá alcançar 18% em 2015 e 17,5% em 2016, o que não era apurado desde 2006, quando atingiu 17,8%, conforme chama a atenção Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA.
Outro dado que mostra o amplo retrocesso são os índices de confiança de empresários e consumidores, que voltaram ao nível registrado em 1998/1999. A produção da indústria de transformação, por sua vez, retornou a patamares de 2005, enquanto o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci), medido pela FGV, deve atingir este ano 77% – muito abaixo da média de 83,8% registrada na década encerrada em 2014.
A recessão em que o País mergulhou em 2015 e continuará enfrentando em 2016 gera especialmente uma depressão dos investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo deverá apresentar neste ano uma queda ao redor de 12% e mais uma retração de 5% a 10% em 2016, de acordo com economistas. No acumulado de 2014-2016, ocorrerá uma queda de no mínimo de 21% da FBCF, tombo que, para alguns especialistas, pode ser ainda maior. Esses dados ajudam explicar a taxa de desemprego em alta e oscilando numa faixa entre 11% e 12% nos próximos 12 meses.
A crise política e econômica paralisou o governo e inviabilizou a aprovação pelo Congresso de várias medidas de ajuste fiscal, o que, na prática, é a principal razão da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Outros fatos, como o forte corte de investimentos da Petrobrás, também colaboram para a recessão da economia e depressão da FBCF. A estatal, envolvida em investigações no âmbito da Lava Jato e com um endividamento bruto que chegou a passar de R$ 500 bilhões, reduziu o plano de negócios de US$ 220,6 bilhões de 2014-2018 para US$ 130,3 bilhões no período 2015-2019. A adequação do plano praticamente parou as atividades de grandes empreiteiras.
A expectativa é de que os investimentos públicos exceto os realizados por estatais – item que representa perto de um quinto de toda a FBCF – cairão cerca de 40% neste ano em termos reais. Para 2016, estima-se uma queda por volta de 10%.
Aperto. Condições monetárias mais apertadas, com elevação dos juros pelo BC e redução da concessão de crédito pelos bancos, também fazem parte dessa conjuntura negativa, segundo Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados. De outubro de 2014 até julho, o Copom elevou a Selic em 3,25 pontos porcentuais, para os atuais 14,25% ao ano.
Os economistas entendem que, se o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se arrastar até meados do ano que vem, a atividade, os investimentos e o consumo continuarão no processo de regressão até o terceiro trimestre de 2016. Alguma leve melhora das compras das famílias e dos investimentos só deverá ocorrer nos últimos três meses de 2016, diz Rodolfo Morgado, economista do banco Santander. Para ele, os investimentos deverão cair 5% em 2016, depois de terem recuado 14% em 2015: “Se os investimentos ficassem estáveis no ano que vem, atenuaria a recessão, pois o PIB, em vez de cair 2%, recuaria 1% em 2016.”
Fonte: Estadão - 20/12/2015
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