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Contratados recebem 87,7% do que ganhavam os antecessores, diz Dieese
Publicado em 26/11/2015 , por CLAUDIA ROLLI
A recessão afeta o bolso do trabalhador em 2015 e deve aprofundar ainda mais o achatamento salarial que já existe no mercado de trabalho.
Quem entrou para trabalhar em uma empresa com carteira assinada recebeu em outubro, em média, 87,7% do salário pago a um trabalhador demitido, segundo dados compilados pelo Dieese para a Folha.
A diferença foi calculada com base nas informações de outubro fornecidas pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, e é a maior dos últimos dez anos, superando a de 2009, ano em que a economia sofreu os efeitos da crise.
Naquela ocasião, o contratado com carteira ganhava 88,7% do que recebia um profissional desligado.
O valor médio pago aos admitidos em outubro de 2015 foi de R$ 1.274,85; enquanto os demitidos receberam R$ 1.453,09. Ou seja, a remuneração média da contratação vale 87,7% da da demissão.
ACHATAMENTO
Em outubro do ano passado, essa diferença era menor, de 90,4%. Descontados os efeitos da inflação, o salário de ingresso no mercado era de R$ 1.307,86 e o de desligamento, 1.446,53.
"O achatamento salarial é uma característica forte no mercado de trabalho brasileiro", diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.
"A diferença entre os ganhos dos contratados e dos demitidos vinha diminuindo desde 2010, com a recuperação da economia. Agora, com a recessão, desemprego, voltou a crescer", completa.
Ele destaca que, em períodos de crescimento econômico e, principalmente, de aquecimento do mercado de trabalho a diferença entre o salário médio dos que entram e dos que saem do mercado de trabalho tende a diminuir.
"Em períodos de recessão, piora do mercado de trabalho, aumento do desemprego, diminuição da demanda por mão de obra, e, ao mesmo tempo, aumento da oferta de mão de obra, com redução do poder de negociação dos sindicatos, os salários e os empregos, ou seja, os trabalhadores, são as maiores vítimas", afirma o coordenador.
AJUSTE POR ′BAIXO′
De janeiro a outubro deste ano, o Brasil cortou 687,8 mil empregos na faixa entre 1,51 e 3 salários mínimos mensais, enquanto foram criados 189,6 mil empregos com remuneração até 1,5.
"Estamos conseguindo gerar emprego com renda anual ao redor de R$ 15 mil e acelerando a destruição de empregos nas faixas maiores, mais qualificadas", diz o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Cesit (Centro de Estados Sindicais e de Economia do Trabalho), ambos da Unicamp.
Nos primeiros dez meses do ano, o país fechou 177,6 mil vagas com salários na faixa acima de cinco mínimos.
Para Pochmann, um dos fatores que mais chama a atenção é que está havendo uma redução da desigualdade, mas com um ajuste "nivelado por baixo".
"A desigualdade, ao menos intersalarial, tende a não crescer. Como se corta o emprego de classe média, com maior rendimento e escolaridade, e cresce o emprego de baixo salário não há aumento da desigualdade no mercado de trabalho", afirma o professor. "É uma recessão em que a base da pirâmide está mais protegida."
PROJEÇÃO
A tendência é de a renda média continuar em queda neste ano e em 2016, segundo analistas do mercado de trabalho.
O economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, diz que a deterioração da renda também é confirmada pelos dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), do IBGE.
A renda média do trabalhador teve queda real (descontada a inflação) de 7% em outubro ante igual período de 2014. É a maior redução para o mês de outubro nos últimos 12 anos.
"A dinâmica da ocupação está fraca, com aumento de desemprego, o que acaba restringindo o poder de barganha nas negociações salariais. Além disso, a inflação em alta bate diretamente na renda das famílias", diz Bacciotti.
PERFIL DO DESEMPREGADO
Homens, com baixa escolaridade e idade entre 25 e 39 anos são os que mais perderam o emprego neste ano, segundo mostram os dados do Caged elaborados pelo Dieese e pelo professor Pochmann.
São trabalhadores em sua maior parte da região Sudeste do país e que estavam empregados na indústria de transformação e na construção civil -dois dos setores que mais eliminaram vagas, com o agravamento da crise econômica deste ano.
Quem entrou para trabalhar em uma empresa com carteira assinada recebeu em outubro, em média, 87,7% do salário pago a um trabalhador demitido, segundo dados compilados pelo Dieese para a Folha.
A diferença foi calculada com base nas informações de outubro fornecidas pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, e é a maior dos últimos dez anos, superando a de 2009, ano em que a economia sofreu os efeitos da crise.
Naquela ocasião, o contratado com carteira ganhava 88,7% do que recebia um profissional desligado.
O valor médio pago aos admitidos em outubro de 2015 foi de R$ 1.274,85; enquanto os demitidos receberam R$ 1.453,09. Ou seja, a remuneração média da contratação vale 87,7% da da demissão.
ACHATAMENTO
Em outubro do ano passado, essa diferença era menor, de 90,4%. Descontados os efeitos da inflação, o salário de ingresso no mercado era de R$ 1.307,86 e o de desligamento, 1.446,53.
"O achatamento salarial é uma característica forte no mercado de trabalho brasileiro", diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.
"A diferença entre os ganhos dos contratados e dos demitidos vinha diminuindo desde 2010, com a recuperação da economia. Agora, com a recessão, desemprego, voltou a crescer", completa.
Ele destaca que, em períodos de crescimento econômico e, principalmente, de aquecimento do mercado de trabalho a diferença entre o salário médio dos que entram e dos que saem do mercado de trabalho tende a diminuir.
"Em períodos de recessão, piora do mercado de trabalho, aumento do desemprego, diminuição da demanda por mão de obra, e, ao mesmo tempo, aumento da oferta de mão de obra, com redução do poder de negociação dos sindicatos, os salários e os empregos, ou seja, os trabalhadores, são as maiores vítimas", afirma o coordenador.
AJUSTE POR ′BAIXO′
De janeiro a outubro deste ano, o Brasil cortou 687,8 mil empregos na faixa entre 1,51 e 3 salários mínimos mensais, enquanto foram criados 189,6 mil empregos com remuneração até 1,5.
"Estamos conseguindo gerar emprego com renda anual ao redor de R$ 15 mil e acelerando a destruição de empregos nas faixas maiores, mais qualificadas", diz o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Cesit (Centro de Estados Sindicais e de Economia do Trabalho), ambos da Unicamp.
Nos primeiros dez meses do ano, o país fechou 177,6 mil vagas com salários na faixa acima de cinco mínimos.
Para Pochmann, um dos fatores que mais chama a atenção é que está havendo uma redução da desigualdade, mas com um ajuste "nivelado por baixo".
"A desigualdade, ao menos intersalarial, tende a não crescer. Como se corta o emprego de classe média, com maior rendimento e escolaridade, e cresce o emprego de baixo salário não há aumento da desigualdade no mercado de trabalho", afirma o professor. "É uma recessão em que a base da pirâmide está mais protegida."
PROJEÇÃO
A tendência é de a renda média continuar em queda neste ano e em 2016, segundo analistas do mercado de trabalho.
O economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, diz que a deterioração da renda também é confirmada pelos dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), do IBGE.
A renda média do trabalhador teve queda real (descontada a inflação) de 7% em outubro ante igual período de 2014. É a maior redução para o mês de outubro nos últimos 12 anos.
"A dinâmica da ocupação está fraca, com aumento de desemprego, o que acaba restringindo o poder de barganha nas negociações salariais. Além disso, a inflação em alta bate diretamente na renda das famílias", diz Bacciotti.
PERFIL DO DESEMPREGADO
Homens, com baixa escolaridade e idade entre 25 e 39 anos são os que mais perderam o emprego neste ano, segundo mostram os dados do Caged elaborados pelo Dieese e pelo professor Pochmann.
São trabalhadores em sua maior parte da região Sudeste do país e que estavam empregados na indústria de transformação e na construção civil -dois dos setores que mais eliminaram vagas, com o agravamento da crise econômica deste ano.
Fonte: Folha Online - 25/11/2015
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